“Cota não é esmola”
a Comissão de Heteroidentificação e seu papel no acesso a um direito
DOI:
https://doi.org/10.15448/2179-8435.2024.1.45061Palavras-chave:
Comissão de Heteroidentificação, Negritude, Identidade., Política de ação afirmativaResumo
Neste artigo, objetiva-se compreender o papel da Comissão de Heteroidentificação na Política de Ação Afirmativa da Universidade Federal do Goiás (UFG), analisar a preparação das bancas e contextualizar o percurso de constituição da Comissão de Heteroidentificação. Para tanto, utilizou-se a metodologia qualitativa com a técnica de entrevistas com profissionais da instituição que participaram da Comissão de Heteroidentificação entre 2019 e 2022. Como resultado, foi possível concluir que a Comissão de Heteroidentificação, apesar de ter formação que traz informações e não conhecimento de fato sobre a complexidade que engloba as questões étnico-raciais, busca corrigir os efeitos da discriminação racial fruto do passado colonizador com o objetivo de alcançar o acesso igualitário a direitos básicos, estabelecendo processos políticos de aceitação de corpos subalternizados, proibidos e regulados pelo racismo.
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