MODERNIDADE LÍQUIDA E PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS DA DIFERENÇA NO CAMPO EDUCACIONAL
DOI:
https://doi.org/10.15448/2179-8435.2023.1.43665Palavras-chave:
Modernidade; Mercadoria; Educação e Docência; Humanidade; Ética.Resumo
O presente trabalho, referenciado sobretudo em Balman (1995; 1999; 2007; 2011), enfatiza a atual modernidade, como um ciclo, cujas expectativas humanas são alvo de atuação do mercado de consumo. Tais expectativas e atuação remetem ao modelo ideal de conquistas insaciáveis e contínuas, reverberando importantes influências emocionais, sociais e educacionais. Nesse processo, mercado, política e cultura, unem-se, ganhando legitimidade para atuar na educação. Segue-se, pois, uma lógica conflitante com o ato educativo, trazendo implicações éticas para a educação e a docência. Partindo desse pressuposto, objetivamos nesse ensaio teórico situar a modernidade social, política e econômica no atual contexto educacional e docente, refletindo questões ético-filosóficas nesse campo de atuação. As perspectivas filosóficas da diferença, discutidas, estão embasadas, principalmente em Deleuze e Guattari (1995) Foucault (1999; 2004; 2010), Gallo (2000; 2008) Larrosa (2002) e Queiroz (2019), como possibilidades singulares de resistência e respeito às multiplicidades humanas, ao ato de educar e de viver. Conforme as teorias relacionadas, desconstrói-se a visão una de docentes, discentes e processos de ensino e aprendizagem, entendendo-se a importância de que a batalha diária docente, indique à busca das próprias verdades, dos próprios caminhos, do cuidado de si, ao tempo em que estimule os discentes na busca de uma constituição ética de si.
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