“Professores ideais” e as interações estabelecidas em sala de aula
DOI:
https://doi.org/10.15448/2179-8435.2021.1.36980Palavras-chave:
Interações, Práticas docentes, Afetividade, AprendizagemResumo
O presente artigo busca identificar as concepções e intencionalidades dos professores a respeito das relações estabelecidas em sala de aula com estudantes adolescentes. Para tanto, três professores indicados por estudantes, de uma turma de nono ano do Ensino Fundamental, como sendo “professores ideais” ou que se aproximam de práticas docentes julgadas como ideais, responderam a um questionário referente à intencionalidade das práticas desses profissionais, bem como as concepções a respeito das relações estabelecidas em sala de aula com os estudantes. A fala dos alunos, assim como as respostas dadas pelos professores, passou por um processo de interpretação inspirada na Análise de Conteúdo de Laurence Bardin, dialogando com estudos teóricos referentes às temáticas da interação em sala de aula, das dimensões profissionais e pessoais da docência, dos aspectos afetivos presentes nas relações estabelecidas entre professores e alunos e a consequente influência na aprendizagem. A análise dos questionários respondidos pelos profissionais, somada aos apontamentos dos estudantes e à discussão teórica, aponta para a presença de três elementos fundamentais: os aspectos técnicos da profissão docente, os aspectos (inter)subjetivos e éticos desse ofício, com destaque à presença da afetividade e a utilização de metodologias variadas. Conclui-se que o discurso dos professores se aproxima, em determinados aspectos, das indicações dos estudantes, mas que ainda há uma grande distância entre as concepções desses profissionais a respeito das interações presentes em sala de aula e a respectiva utilização intencional como potencial facilitador da aprendizagem.
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