A protomariologia paulina
“Nascido de mulher” (Gl 4,4-5)
DOI:
https://doi.org/10.15448/0103-314X.2024.1.46103Palavras-chave:
Mariologia, Encarnação, Gálatas, Maternidade Divina, Adoção filialResumo
O presente artigo oferece uma análise mariológica de Gl 4,4-5 e busca ressaltar suas contribuições para a fundamentação da fé cristã. Em Gl 4,4-5, encontra-se a mais antiga referência bíblica à mãe de Jesus. Sem mencionar seu nome, o “apóstolo dos gentios” (Rm 11,13) refere-se a Maria de Nazaré no contexto da encarnação do Filho de Deus. A expressão paulina “nascido de mulher” (Gl 4,4) remete à condição humana, em sua precariedade e fragilidade, assumida pelo Filho de Deus. A expressão “nascido sob a lei” (Gl 4,4), por sua vez, indica a origem étnica de Jesus: Ele é filho de uma mulher judia. Gl 4,4-5 serviu de base para as futuras elaborações mariológicas. Os Padres da Igreja recorrem a essa referência paulina para responder às correntes gnósticas e ao nestorianismo. A Carta aos Gálatas indica, indiretamente, a maternidade divina de Maria e a sua colaboração na história da salvação. A mariologia de Paulo é bastante sóbria e, estritamente, cristocêntrica. A análise dessa protomariologia leva à redescoberta dos fundamentos primeiros da mariologia bíblica e sistemática. O artigo, por meio de uma análise narrativa, em um primeiro momento, trata sobre o mistério da encarnação no corpus paulinum e analisa a estrutura quiástica de Gl 4,4-5. Em seguida, aprofunda a compreensão das expressões “nascido de mulher” e “nascido sob a lei”, destaca a importância de Gl 4,4-5, enquanto resposta antecipada ao docetismo e ao nestorianismo, e, por fim, sugere, em Paulo, uma mariologia bíblica elementar.
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