Perfil dos acidentes com aranhas no estado de Goiás no período de 2007 a 2011
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2014.4.17741Palavras-chave:
ARACNIDISMO, ARANEÍSMO, PICADURAS DE ARANHAS, EPIDEMIOLOGIA.Resumo
OBJETIVOS: Descrever os aspectos epidemiológicos e clínicos dos acidentes com aranhas reportados ao Centro de Informações Toxicológicas do Estado de Goiás. Comparar e contrastar os dados de descrição e avaliação do quadro clínico e uso do soro específico com as recomendações do Ministério da Saúde e da literatura médica.
MÉTODOS: Para a coleta de dados foram utilizadas as fichas de notificação do Centro de Informações Toxicológicas de Goiás. Os dados sobre a expansão urbana foram obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e através de imagens de satélite Landsat.
RESULTADOS: No período estudado, o araneísmo no estado de Goiás correspondeu a 15,91% dos acidentes com artrópodes peçonhentos, totalizando 659 casos. As duas microrregiões com maior ocorrência foram Goiânia, com 305 casos (46,28%) e Entorno de Brasília, com 69 (10,47%). Houve um acometimento maior dentro da faixa etária de 20 a 39 anos. A região mais comum da picada foi o pé. O intervalo entre acidente e atendimento, na maioria dos casos, foi de uma a três horas. A dor foi o sintoma mais prevalente, podendo estar associada a edema, hiperemia e parestesia que, juntamente com sintomas vagais, determinaram a gravidade do acidente. Em 214 casos foi usada soroterapia, sendo informado o tipo de soro em 83,17% dos mesmos. Houve uso de número excessivo de ampolas de soro de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde em 98,87% dos casos em que o dado pôde ser levantado. Dos casos informados, 89,37% evoluíram para a cura. Os dados não indicam o gênero da aranha que foi agente causal dos acidentes.
CONCLUSÕES: Os resultados indicam que a prevalência do araneísmo está ligada ao processo de expansão urbana. O tratamento foi em geral satisfatório, com alto índice de cura e inexistência de óbitos. Houve uso desnecessário de soro e de um número incorreto de ampolas em muitos casos. Os dados sugerem um distanciamento das recomendações do Ministério da Saúde, que possui protocolos claros, desde a identificação da aranha até o uso de soro conforme a gravidade do caso.
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