A reportagem autorreflexiva
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2018.3.30164Keywords:
reportagem, autorreflexividade, éticaAbstract
Este artigo objetiva analisar reportagens que, ao modo de um documentário reflexivo, são autocríticas em relação a seu campo de ação e à ética da representação do outro na narrativa jornalística. Essas reportagens emergem, nos casos estudados, da relação entre texto e paratexto, quando da publicação em livro. As narrativas são abordadas, neste trabalho, por meio do cotejo com a categoria do documentário reflexivo, em Bill Nichols, e do estudo do paratexto, em Gerárd Genette. A partir dessas noções, examina-se o discurso autorreflexivo em reportagens das brasileiras Fabiana Moraes e Eliane Brum e da bielorrussa Svetlana Aleksiévitch. Os resultados desta pesquisa apontam para a recorrência de relatos que assumem a impossibilidade de narrar o outro e reivindicam, na revisão e crítica que fazem das práticas jornalísticas, a ruptura com a chamada “rede técnica” do campo.Downloads
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