A reportagem autorreflexiva
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2018.3.30164Palavras-chave:
reportagem, autorreflexividade, éticaResumo
Este artigo objetiva analisar reportagens que, ao modo de um documentário reflexivo, são autocríticas em relação a seu campo de ação e à ética da representação do outro na narrativa jornalística. Essas reportagens emergem, nos casos estudados, da relação entre texto e paratexto, quando da publicação em livro. As narrativas são abordadas, neste trabalho, por meio do cotejo com a categoria do documentário reflexivo, em Bill Nichols, e do estudo do paratexto, em Gerárd Genette. A partir dessas noções, examina-se o discurso autorreflexivo em reportagens das brasileiras Fabiana Moraes e Eliane Brum e da bielorrussa Svetlana Aleksiévitch. Os resultados desta pesquisa apontam para a recorrência de relatos que assumem a impossibilidade de narrar o outro e reivindicam, na revisão e crítica que fazem das práticas jornalísticas, a ruptura com a chamada “rede técnica” do campo.Downloads
Referências
ABIB, Tayane A..; VENTURA, Mauro de S. “O desacontecimento em narrativas esportivas: análises das produções jornalísticas de Eliane Brum sobre a Copa do Mundo de 2014”. Estudos em Jornalismo e Mídia. v. 13, n. 1. jan./jun. 2016.
ALEKSIÉVITCH, S. Vozes de Tchernóbil. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
AUTOR, 2009.
AUTOR, 2017.
BENJAMIN, Walter. O narrador – considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. 7ª.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221.
BRUM, Eliane. O olho da rua. 1ª. ed. São Paulo: Globo, 2008.
BRUM, Eliane. “Os vampiros da realidade só matam pobres”. In: Dignidade. São Paulo: Leya, 2012. p. 25-50.
BRUM, Eliane. Posfácio: os limites da palavra. In: BRUM, E. O olho da rua. 2ª. ed. Porto Alegre: Arquipélago, 2017. p. 357-370.
CASTELO BRANCO, Lúcia (Org.). A tarefa do tradutor de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2008.
CAVELL, Stanley. The world viewed. London: Havard University Press, 1979.
FONSECA, Isabel; SIMÕES, Paula. Alteridade no jornalismo: um mergulho nas histórias de vida do livro “A vida que ninguém vê”. Anais XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. São Paulo: Intercom , 2011.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 8ª. ed. São Paulo: Loyola, 2002.
GENETTE, Gérard. Fronteiras da narrativa. In: BARTHES, Roland [et. al.]. Análise estrutural da narrativa. Petrópolis, RJ: Vozes: 2008.
GENETTE, Gérard. Paratextos editoriais. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.
MAROCCO, Beatriz. Os “livros de repórteres”, o “comentário” e as práticas jornalísticas. Contracampo. Niterói, no. 22, fev. de 2011.
MARTINEZ, Mônica. O jornalista-autor em ambientes digitais: a produção da jornalista Eliane Brum para o portal da Revista Época. Revista Comunicação Midiática. v. 9, n. 1, jan./abr. 2014. p. 56-77.
MORAES, Fabiana. O nascimento de Joicy. Porto Alegre: Arquipélago, 2015.
MORETZSONH, Sílvia. Sensibilidade e senso crítico. In: MORAES, Fabiana. O nascimento de Joicy. Porto Alegre: Arquipélago, 2015. p. 11-15.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. 6ª. ed. Campinas, SP, Papirus: 2016.
PEREIRA, L. C. S. de. Apresentação. In: CASTELO BRANCO, Lúcia (Org.). A tarefa do tradutor de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2008. p. 5-8.
PICCININ, Fabina.; SANTOS, Kássia. "Quando a fonte vira personagem”. In: GABRIEL, R.; FLORES, O. C.; CARDOSO, R. PICCININ, F. Tecendo conexões entre cognição, linguagem e leitura. Curitiba: Multideia, 2014. p. 425-439.
PIGLIA, Ricardo. Modos de narrar. In: PIGLIA, R. La forma inicial. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2015. p. 43-53.
QUEIRÓS, Francisco. A. T.; MENDES, Francielle. M. M. “Vidas anônimas: jornalismo e literatura em ‘A vida que ninguém v꒔. Anais do XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo: Intercom, 2015.
RANCIÈRE, Jacques. A imagem intolerável. In: RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. Lisboa: Orfeu Negro, 2010. p.123-153.
ROSEN, Jay. Para além da objectividade. Revista de comunicação e linguagens. Lisboa: Relógio D’água, 2000. p. 139-150.
SALLES, João Moreira. A dificuldade do documentário. In: MARTINS, J. S.; ECKERT, C.; CAIUBY NOVAES, S. (orgs.). O imaginário e o poético nas ciências sociais. Bauru, SP: Edusc, 2005. p. 57-71.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.
SAVIANO, Roberto. Chi escrive, muore. In: SAVIANO, Roberto. La bellezza e l’inferno. Milão: Mondadori, 2009. p. 233-245.
SELIGMANN-SILVA. Marcio. O local do testemunho. São Paulo: Ed. 34, 2005.
SILVERSTONE, Roger. Complicity and collusion in the mediation of everyday life. New Literary History, 2002, 33. p. 761-780.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2005. v.1.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Famecos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Famecos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.