Educadoras na educação infantil

Intersecções do trabalho de educação-cuidado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2022.1.41780

Palavras-chave:

educação infantil, trabalho, gênero

Resumo

Este escrito é um desdobramento de um projeto de pesquisa-extensão desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Psicanálise e Infâncias (NEPIs) junto a berçários de escolas de educação infantil municipais e conveniadas de Porto Alegre. A partir dessa experiência, tomamos como questão o trabalho de educação-cuidado desenvolvido nas instituições de educação infantil e alguns atravessamentos de gênero, raça e classe que marcam essa profissão no Brasil. Para tanto, por meio de uma revisão narrativa de literatura, traçamos uma breve retomada histórica acerca da constituição da educação infantil nos contextos europeu e brasileiro e apresentamos trechos dos diários clínicos – materiais de registro adotados pelas pesquisadoras –extensionistas – que se articulam às questões discutidas. A partir desse processo de escrita, mostrou-se evidente a importância de considerar o trabalho das educadoras das escolas de educação infantil como uma confluência de aspectos históricos e sociais e como um panorama interseccional, permeado por atravessamentos de gênero, raça e classe, e por processos de desvalorização de diversas ordens. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andrea Gabriela Ferrari, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil; mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Marcela Graef do Couto, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Júlia Avila Kessler, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Milena da Rosa Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil; mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Referências

Adorni, D. da S. (2015). A creche e o direito à educação das crianças de 0 a 6 anos: de agência de guarda a espaço educacional. Revista Fafibe On Line, 1(1). https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/9/18052011155146.pdf

Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade. Pólen.

Almeida, S. (2018). O que é racismo estrutural? Letramento.

Arce, A. (2001). Documentação oficial e o mito da educadora nata na educação infantil. Cadernos de Pesquisa, (113), 167-184. https://doi.org/10.1590/S0100-15742001000200009

Batista, R., & Rocha, E. C. (2018). Docência na educação infantil: origens de uma constituição profissional feminina. Zero-a-Seis, 20(37), 95-111. http://dx.doi.org/10.5007/1980-4512.2018v20n37p95

Brasil. (2020). Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. (56. ed.). Saraiva.

Brasil. (1871). Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871. Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nasceram desde a data desta lei, libertos os escravos da nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a libertação annual de escravos. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim2040.htm.

Brasil. (1996). Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

Campos, M. M. (1994). Educar e cuidar: questões sobre o perfil do profissional de educação infantil. In MEC/SEF/DPE/COEDI (Org.), Por uma política de formação do profissional de educação infantil (pp. 32-42). MEC.

Cataldi, M. C. C. (1992). Modificações sociais e participação da mulher no mercado de trabalho. In M. L. C. Gayotto et al. (Orgs.), Creches: Desafios e contradições da criação da criança pequena (pp. 23-24). Ícone.

Costa, S. G. (2002). Proteção social, maternidade transferida e lutas pela saúde reprodutiva. Revista de Estudos Feministas, 10(2), 301-323. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2002000200003

Dhein, C. J. F., & Del Pino, M. A. B. (2010). Mulheres-professoras e mal-estar docente: a relação entre o gênero e a doença. Anais do Congresso de Iniciação Científica, Pelotas, RS, Brasil, XIX. https://www2.ufpel.edu.br/cic/2010/cd/pdf/CH/CH_01572.pdf

Diniz, M. (1998). De que sofrem as mulheres professoras. In E. M. T. Lopes (Org.), A Psicanálise escuta a educação (pp. 196-223). Autêntica.

Duque, L. de S., & Moreira, A. R. C. P. (2020). Cuidar-educar na creche: Itinerários pelos trabalhos da Anped, Grupeci e BDTD. Educação, 43(3), 1-15. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2020.3.37472

Faria, A. L. G. de. (2002). Educação pré-escolar e cultura: para uma pedagogia da educação infantil (2. ed.). Cortez.

Ferrari, A. G., Fernandes, P. de P., Silva, M. da R., & Scapinello, M. (2017). A experiência com a Metodologia IRDI em creches: pré-venir um sujeito. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 20(1), 17-33. https://doi.org/10.1590/1415-4714.2017v20n1p17.2

Ferrari, A. G., Silva, M. R., & Cardoso, J. L. (2013). O impacto da Metodologia IRDI na prevenção de risco psíquico em crianças que frequentam creche no seu primeiro ano e meio de vida [Projeto de pesquisa]. Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Ferreira, M. B. C., & Pereira, M. R. (2012). O mal-estar docente na educação infantil. Anais do Colóquio internacional do LEPSI, São Paulo, SP, Brasil, 9. http://www.proceedings.scielo.br/pdf/lepsi/n9/a12n9.pdf

Ferreira, M. D., & Guedes, A. O. (2020). Formação sem fôrma: a singularidade do processo de ser professor da Educação Infantil. Educação, 43(1), 1-12. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2020.1.29757

Frankenberg, R. (2004). A miragem de uma branquitude não marcada. In V. Ware (Org.), Branquidade, identidade branca e multiculturalismo (pp. 307-338). Garamond.

Fraser, N. (2020). Contradições entre capital e cuidado (J. I. R. de Sousa F°, trad.). Princípios: Revista De Filosofia (UFRN), 27(53), 261-288. https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/16876

Gallego, A. A. (2020). El devenir queer del cisheteropatriarcado: tecnologías de género y subjetividades a través de la construcción de un paradigma fuera de binomios [Trabajo Final de Grado, Universidad Complutense de Madrid, Madrid, España]. https://eprints.ucm.es/id/eprint/62784/1/TFG_AliciaAr%C3%A9valo_pliegos.pdf

Haddad, L. (1991). A creche em busca de identidade. Loyola.

Haraway, D. (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu, (5), 7-41. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773

Kilomba, G. (2019). Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Cobogó.

Kuhlmann, M., Jr. (2000). Histórias da educação infantil brasileira. Revista Brasileira de Educação, (14), 5-18. https://www.scielo.br/j/rbedu/a/CNXbjFdfdk9DNwWT5JCHVsJ/?format=pdf&lang=pt

Kuhlmann, M., Jr. (2001). O jardim-de-infância e a educação das crianças pobres: final do século XIX, início do século XX. In C. Monarcha (Org.), Educação da infância brasileira: 1875-1983 (pp. 3-30). Autores Associados.

Kupfer, M. C. M., Jerusalinsky, A. N., Bernardino, L. M. F., Wanderley, D., Rocha, P. S. B., Molina, S. E., Sale, L. M., Stellin, R., Pesaro, M. E., & Lerner, R. (2010). Valor preditivo de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria psicanalítica. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 13(1), 31-52. doi: https://doi.org/10.1590/S1415-47142010000100003

Louro, G. L. (1997). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista (2. ed.). Vozes.

Mariotto, R. M. M. (2003). Atender, cuidar e prevenir: a creche, a educação e a psicanálise. Estilos da Clínica, 8(15), 34-47. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282003000200003&lng=pt&tlng=pt

Miles, R. (1996). Racialization. In E. Cashmore (Org.), Dictionary of Race and Ethnic Relations (pp. 306-308). Routledge.

Nóvoa, A. (1991). Para um estudo sócio-histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria & Educação, (4), 109-139.

Nóvoa, A. (1995). O passado e o presente dos professores. In A. Nóvoa (Org.), Profissão professor (2. ed., pp. 13-34). Porto Editora.

Prefeitura de Porto Alegre, & Secretaria Municipal de Saúde. (2017). Plano Municipal de Saúde 2018-2021. http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/plano_municipal_de_saude_-_pms_2018-2021_-_revisado_em_16_01_18.pdf

Rosa, M. D. (2018). Psicanálise implicada: Vicissitudes das práticas clínico-políticas. Veredas: Imigração e Psicanálise, 1-10. https://www.veredaspsi.com.br/wp-content/uploads/2018/04/artigo-miriam-clinica-politica.pdf

Rosemberg, F., & Campos, M. M. (Orgs.). (1994). Creches e pré-escolas no hemisfério norte. Cortez.

Rother, E. T. (2007). Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta Paul Enferm, 20(2), v-vi. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001

Sacristán, J. G. (2005). O aluno como invenção. Artmed.

Sandre-Pereira, G. (2003). Amamentação e Sexualidade. Estudos Feministas, 11(2), 467-491. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2003000200007

Saviani, D. (2000). Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações (7. ed.). Autores Associados.

Schucman, L. V. (2012). Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/T.47.2012.tde-21052012-154521

Segato, R. L. (2006). O Édipo Brasileiro: a dupla negação de gênero e raça. Série Antropologia.

Silva, D. A., & Peixoto, V. A. C. (2015). Professoras (?) de educação infantil: o que dizem as educadoras de creche sobre sua profissionalidade. Anais do EDUCERE - Congresso Nacional de Educação, Curitiba, PR, Brasil, XII.

Silva, H. L. F. (2006). As trabalhadoras da Educação Infantil e a construção de uma identidade política [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás, Goiânia]. https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/disserta%C3%A7%C3%A3o_hugo_leonardo.pdf

Silva, M. R., Oliveira, B. C., & Ferrari, A. G. (no prelo). Da experiência ao relato clínico: desafios do registro em uma pesquisa psicanalítica.

Todos Pela Educação e Editora Moderna. (2019). Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019. Editora Moderna. https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.pdf

Downloads

Publicado

2022-09-16

Como Citar

Ferrari, A. G., Couto, M. G. do, Kessler, J. A., & Silva, M. da R. (2022). Educadoras na educação infantil: Intersecções do trabalho de educação-cuidado. Educação, 45(1), e41780. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2022.1.41780

Edição

Seção

Outros Temas

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)