A África nos filmes infantis: uma análise de Madagascar
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.2.16445Palavras-chave:
África. Representação. Pedagogia cultural. Estudos culturais.Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar que representações sobre a África e os africanos são divulgadas pelos filmes infantis de animação Madagascar 1 e 2. Com inspiração na vertente pós-estruturalista dos estudos culturais em educação, considera-se que esses filmes exercem uma pedagogia cultural, a qual ensina e constrói representações desse continente. O argumento desenvolvido é o de que esses filmes, ao representarem a África, atualizam o binarismo entre natureza e cultura, associando a África à natureza e as grandes metrópoles à cultura. Nesse processo, o polo natural é considerado inferior ao polo cultural. Por meio de relações de poder desiguais, aqueles que habitam o continente africano também são considerados inferiores aos habitantes de outras regiões. Dessa forma, os filmes se inserem em um longo processo performativo que repete representações historicamente construídas sobre a África, as quais a situam como um continente exclusivamente selvagem, perigoso e habitado por seres exóticos.
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