O turista aprendiz no Nordeste e as rachaduras do sistema patriarcal: estudo das crônicas "O grande cearense" e "Tempos de dantes", de Mário de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2014.2.17906Palabras clave:
Mário de Andrade, Crônicas de viagem, Patriarcado.Resumen
O presente artigo surge como uma resposta ao seguinte questionamento: Como Mário de Andrade focalizou a cultura e as relações socioeconômicas brasileiras em suas crônicas de viagem? As crônicas “O grande cearense” e “Tempos de dantes”, do livro Os filhos da Candinha (1942), são comparadas neste artigo com suas primeiras versões no diário de viagem O turista aprendiz (1976) e, intituladas, respectivamente, “Atlântico, 5 de dezembro” e “Natal, 17 de dezembro”. As crônicas de viagem de Mário de Andrade, enfeixadas no livro póstumo O turista aprendiz, permitem entrever a homologação das identidades intersubjetivas (o eu se construindo na relação com o Outro) com a identidade nacional, por meio de questões referentes às práticas socioeconômicas e socioafetivas. A viagem permite o olhar do turista para o Outro, o que faz com que ele interrogue essas relações culturais baseadas, no caso específico dessas crônicas, num modelo de centralização do poder. Trata-se do patriarcado, entendido como poder normativo e repressor, que determine a organização individual e coletiva nas dimensões pública (relações de trabalho) e privada (ambiente familiar). Tanto na esfera privada como pública, a estrutura social se organiza em torno de um discurso do poder, que legitima as práticas de exclusão daqueles que não se adaptam a esse modelo estruturante. Dessa forma, as crônicas analisadas permitem a análise das relações patriarcais estabelecidas nas esferas públicas e privadas no Brasil das primeiras décadas do século XX.Descargas
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