A travessia do tempo: a encenação da ambiguidade e a (im)possibilidade da ancestralidade em O outro pé da sereia, de Mia Couto
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4276.2017.1.23866Keywords:
ancestralidade, ambiguidade, espaço, tempo, Mia CoutoAbstract
O presente estudo tem como foco analisar como, no projeto literário de Mia Couto, em O outro pé da sereia, há a problematização do tempo e da ancestralidade a partir da construção estética do espaço. Há, no romance, especificamente no capítulo “A travessia do tempo”, metáforas capazes de sugerir a encenação dos embates, e das rasuras deles decorrentes, provocados pela reencenação de rituais antigos no seio da família Rodrigues. Tais rasuras são explicitadas a partir de situações bastante ambíguas experimentadas pelas personagens centrais do romance, Constança e Mwadia, mãe e filha, no interior da casa materna, espaço privilegiado para servir de palco aos mais ambíguos embates. Situação esta que metaforiza a condição atual de Moçambique. Para sustentar este estudo, foram utilizados os estudiosos Assman, Halbwachs,Gama-Khalil, Bhabha, Braúna e Bachelard.
********************************************************************
The crossing time: the staging of ambiguity and the (im)possibility of ancestry in O outro pé da sereia, by Mia Couto
Abstract: This study focuses on the analysis of how, the literary project of Mia Couto, in O Outro Pé da Sereia, there is a questioning of time and ancestry from the aesthetic construction of space. There are, in the novel, specifically in Chapter “A travessia do tempo”, metaphors able to suggest the scenario of conflicts, and their erasures arising, caused by the restaging of ancient rituals in the family Rodrigues. Such erasures are made explicit from quite ambiguous situations experienced by the main characters of the novel, Constance and Mwadia, mother and daughter, inside the mother’s house, privileged space to serve as a stage to the more ambiguous conflicts. Situation that metaphorizes the current condition of Mozambique. To support this study, the works of Assman, Gamma-Khalil, Bhabha, Braunstone and Bachelard were used.
Keyword: Ancestry; Ambiguity; Space; Time; Mia Couto
Downloads
References
ASSMANN, Aleida. Espaços da Recordação. Campinas: Editora da Unicamp, 2011. (Tradução Paulo Soethe).
BHABHA, Homi K. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. (Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renata Gonçalves).
BACHELARD, Gaston. “A poética do espaço”. In: A filosofia do não; O novo espírito científico; A poética do espaço. São Paulo: Abril Cultural, 1978 (Os pensadores).
BRAÚNA, José Dércio. Nyumba-Kaya: Mia Couto e a delicada escrevência da nação moçambicana. São Paulo: Alameda, 2014.
GAMA-KHALIL. Marisa Martins. “As teorias do fantástico e sua relação com a construção do espaço ficcional.” In: Vertentes teóricas e ficcionais do insólito. Organização: Flavio García, Maria Cristina Batalha. Rio de Janeiro: Editora Caetés, 2012.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003 (Tradução de Beatriz Sidou).
MIA COUTO. E se Obama fosse africano? Companhia das Letras: São Paulo, 2009.
MIA COUTO. O outro pé da sereia. São Paulo: companhia das Letras, 2011.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright
The submission of originals to Navegações implies the transfer by the authors of the right for publication. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication. If the authors wish to include the same data into another publication, they must cite Navegações as the site of original publication.
Creative Commons License
Except where otherwise specified, material published in this journal is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license, which allows unrestricted use, distribution and reproduction in any medium, provided the original publication is correctly cited.