O Diário de Luanda e o Festival Carnavalesco de 1937

Propaganda e Corporativismo em Ambiente Colonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2023.1.44692

Palavras-chave:

Angola, Carnaval, Propaganda Salazarista, corporativismo, Colonialismo

Resumo

O tema deste artigo é um festival carnavalesco organizado, em 1937, por iniciativa do Diário de Luanda. Pretende-se investigar de que forma o festival, e suas representações na imprensa, espraiaram, na capital da colônia de Angola, elementos centrais do modelo corporativo e da propaganda salazarista, que tinha lugar, na metrópole, através da realização de grandes eventos, como desfiles de marchas populares e exposições. Em matérias jornalísticas sobre o festival, pretende-se demonstrar representações orgânicas, harmônicas e hierarquizadas da sociedade, condizentes com os princípios do corporativismo; a exibição de símbolos do progresso social e industrial, que justificariam a presença colonial; a divulgação de uma imagem mítica, atemporal e heroica do povo português, fadado, desde tempos imemoriais, a levar a civilização aos trópicos; e a valorização de costumes regionais, entendidos como manifestações folclóricas que comporiam um todo indivisível, caracterizado como o “mundo português”.

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Biografia do Autor

Andrea Marzano, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

É professora associada da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) desde 2009, ministrando disciplinas e desenvolvendo pesquisas sobre História da África. Possui graduação (1995), mestrado (1999) e doutorado (2005) em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2007, realizou estágio de pós-doutoramento no Centro de História da Universidade de Lisboa (ULisboa).

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Publicado

2023-12-22

Como Citar

Marzano, A. (2023). O Diário de Luanda e o Festival Carnavalesco de 1937: Propaganda e Corporativismo em Ambiente Colonial. Estudos Ibero-Americanos, 49(1), e44692. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2023.1.44692

Edição

Seção

Seção Livre