Rakushisha: Heterotopias, não-lugares e silêncio
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2014.1.16656Palabras clave:
identidade, anonimato, não-lugar, heterotopiaResumen
Resumo: “Essa história começa ao rés do chão, com passos”. Assim Michel de Certeau inicia o capítulo “A fala dos passos perdidos”, contido no livro A Invenção do Cotidiano. No citado capítulo, de Certeau aproxima o ato de caminhar ao processo enunciativo. Diz ele: “Existe uma retórica da caminhada. A arte de moldar frases tem como equivalente uma arte de moldar percursos” (DE CERTEAU, 2000, 179). Entretanto, ainda segundo de Certeau, uma figuração mais onírica da prática do espaço nos leva a definir que “caminhar é ter falta de lugar. É o processo indefinido de estar ausente e à procura de um próprio” (DE CERTEAU, 2000, 183). “Para andar, basta colocar um pé depois do outro. Um pé depois do outro” (LISBOA, 2007, p. 9). Com esta frase, a escritora carioca Adriana Lisboa inicia seu romance Rakushisha. Quem caminha, escreve e nasce é Celina, a protagonista de Lisboa. Três ações sobrepostas, tal como a estrutura narrativa do romance em questão. Do Rio de Janeiro ao Japão, a personagem Celina transita pelos não-lugares da supermodernidade, termos conceituados por Marc Augé. Para ser anônima, entretanto, e ganhar o direito de tornar-se similar, Celina precisa recuperar sua identidade, precisa “assinar o contrato” com os outros usuários do não-lugar. E é assim que o Diário de Saga, escrito pelo poeta japonês Matsuo Bashô no século XVII, fará com que a protagonista de Rakushisha se olhe no espelho e se reconheça ‘um’. Espelho que, segundo Michel Foucault, é a “experiência mista, mediana” entre a utopia (modelo ideal) e a heterotopia (modelo real).Descargas
Citas
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