Educadoras na educação infantil
Intersecções do trabalho de educação-cuidado
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2022.1.41780Palavras-chave:
educação infantil, trabalho, gêneroResumo
Este escrito é um desdobramento de um projeto de pesquisa-extensão desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Psicanálise e Infâncias (NEPIs) junto a berçários de escolas de educação infantil municipais e conveniadas de Porto Alegre. A partir dessa experiência, tomamos como questão o trabalho de educação-cuidado desenvolvido nas instituições de educação infantil e alguns atravessamentos de gênero, raça e classe que marcam essa profissão no Brasil. Para tanto, por meio de uma revisão narrativa de literatura, traçamos uma breve retomada histórica acerca da constituição da educação infantil nos contextos europeu e brasileiro e apresentamos trechos dos diários clínicos – materiais de registro adotados pelas pesquisadoras –extensionistas – que se articulam às questões discutidas. A partir desse processo de escrita, mostrou-se evidente a importância de considerar o trabalho das educadoras das escolas de educação infantil como uma confluência de aspectos históricos e sociais e como um panorama interseccional, permeado por atravessamentos de gênero, raça e classe, e por processos de desvalorização de diversas ordens.
Downloads
Referências
Adorni, D. da S. (2015). A creche e o direito à educação das crianças de 0 a 6 anos: de agência de guarda a espaço educacional. Revista Fafibe On Line, 1(1). https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/9/18052011155146.pdf
Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade. Pólen.
Almeida, S. (2018). O que é racismo estrutural? Letramento.
Arce, A. (2001). Documentação oficial e o mito da educadora nata na educação infantil. Cadernos de Pesquisa, (113), 167-184. https://doi.org/10.1590/S0100-15742001000200009
Batista, R., & Rocha, E. C. (2018). Docência na educação infantil: origens de uma constituição profissional feminina. Zero-a-Seis, 20(37), 95-111. http://dx.doi.org/10.5007/1980-4512.2018v20n37p95
Brasil. (2020). Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. (56. ed.). Saraiva.
Brasil. (1871). Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871. Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nasceram desde a data desta lei, libertos os escravos da nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a libertação annual de escravos. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim2040.htm.
Brasil. (1996). Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Campos, M. M. (1994). Educar e cuidar: questões sobre o perfil do profissional de educação infantil. In MEC/SEF/DPE/COEDI (Org.), Por uma política de formação do profissional de educação infantil (pp. 32-42). MEC.
Cataldi, M. C. C. (1992). Modificações sociais e participação da mulher no mercado de trabalho. In M. L. C. Gayotto et al. (Orgs.), Creches: Desafios e contradições da criação da criança pequena (pp. 23-24). Ícone.
Costa, S. G. (2002). Proteção social, maternidade transferida e lutas pela saúde reprodutiva. Revista de Estudos Feministas, 10(2), 301-323. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2002000200003
Dhein, C. J. F., & Del Pino, M. A. B. (2010). Mulheres-professoras e mal-estar docente: a relação entre o gênero e a doença. Anais do Congresso de Iniciação Científica, Pelotas, RS, Brasil, XIX. https://www2.ufpel.edu.br/cic/2010/cd/pdf/CH/CH_01572.pdf
Diniz, M. (1998). De que sofrem as mulheres professoras. In E. M. T. Lopes (Org.), A Psicanálise escuta a educação (pp. 196-223). Autêntica.
Duque, L. de S., & Moreira, A. R. C. P. (2020). Cuidar-educar na creche: Itinerários pelos trabalhos da Anped, Grupeci e BDTD. Educação, 43(3), 1-15. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2020.3.37472
Faria, A. L. G. de. (2002). Educação pré-escolar e cultura: para uma pedagogia da educação infantil (2. ed.). Cortez.
Ferrari, A. G., Fernandes, P. de P., Silva, M. da R., & Scapinello, M. (2017). A experiência com a Metodologia IRDI em creches: pré-venir um sujeito. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 20(1), 17-33. https://doi.org/10.1590/1415-4714.2017v20n1p17.2
Ferrari, A. G., Silva, M. R., & Cardoso, J. L. (2013). O impacto da Metodologia IRDI na prevenção de risco psíquico em crianças que frequentam creche no seu primeiro ano e meio de vida [Projeto de pesquisa]. Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ferreira, M. B. C., & Pereira, M. R. (2012). O mal-estar docente na educação infantil. Anais do Colóquio internacional do LEPSI, São Paulo, SP, Brasil, 9. http://www.proceedings.scielo.br/pdf/lepsi/n9/a12n9.pdf
Ferreira, M. D., & Guedes, A. O. (2020). Formação sem fôrma: a singularidade do processo de ser professor da Educação Infantil. Educação, 43(1), 1-12. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2020.1.29757
Frankenberg, R. (2004). A miragem de uma branquitude não marcada. In V. Ware (Org.), Branquidade, identidade branca e multiculturalismo (pp. 307-338). Garamond.
Fraser, N. (2020). Contradições entre capital e cuidado (J. I. R. de Sousa F°, trad.). Princípios: Revista De Filosofia (UFRN), 27(53), 261-288. https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/16876
Gallego, A. A. (2020). El devenir queer del cisheteropatriarcado: tecnologías de género y subjetividades a través de la construcción de un paradigma fuera de binomios [Trabajo Final de Grado, Universidad Complutense de Madrid, Madrid, España]. https://eprints.ucm.es/id/eprint/62784/1/TFG_AliciaAr%C3%A9valo_pliegos.pdf
Haddad, L. (1991). A creche em busca de identidade. Loyola.
Haraway, D. (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu, (5), 7-41. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773
Kilomba, G. (2019). Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Cobogó.
Kuhlmann, M., Jr. (2000). Histórias da educação infantil brasileira. Revista Brasileira de Educação, (14), 5-18. https://www.scielo.br/j/rbedu/a/CNXbjFdfdk9DNwWT5JCHVsJ/?format=pdf&lang=pt
Kuhlmann, M., Jr. (2001). O jardim-de-infância e a educação das crianças pobres: final do século XIX, início do século XX. In C. Monarcha (Org.), Educação da infância brasileira: 1875-1983 (pp. 3-30). Autores Associados.
Kupfer, M. C. M., Jerusalinsky, A. N., Bernardino, L. M. F., Wanderley, D., Rocha, P. S. B., Molina, S. E., Sale, L. M., Stellin, R., Pesaro, M. E., & Lerner, R. (2010). Valor preditivo de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria psicanalítica. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 13(1), 31-52. doi: https://doi.org/10.1590/S1415-47142010000100003
Louro, G. L. (1997). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista (2. ed.). Vozes.
Mariotto, R. M. M. (2003). Atender, cuidar e prevenir: a creche, a educação e a psicanálise. Estilos da Clínica, 8(15), 34-47. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282003000200003&lng=pt&tlng=pt
Miles, R. (1996). Racialization. In E. Cashmore (Org.), Dictionary of Race and Ethnic Relations (pp. 306-308). Routledge.
Nóvoa, A. (1991). Para um estudo sócio-histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria & Educação, (4), 109-139.
Nóvoa, A. (1995). O passado e o presente dos professores. In A. Nóvoa (Org.), Profissão professor (2. ed., pp. 13-34). Porto Editora.
Prefeitura de Porto Alegre, & Secretaria Municipal de Saúde. (2017). Plano Municipal de Saúde 2018-2021. http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/plano_municipal_de_saude_-_pms_2018-2021_-_revisado_em_16_01_18.pdf
Rosa, M. D. (2018). Psicanálise implicada: Vicissitudes das práticas clínico-políticas. Veredas: Imigração e Psicanálise, 1-10. https://www.veredaspsi.com.br/wp-content/uploads/2018/04/artigo-miriam-clinica-politica.pdf
Rosemberg, F., & Campos, M. M. (Orgs.). (1994). Creches e pré-escolas no hemisfério norte. Cortez.
Rother, E. T. (2007). Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta Paul Enferm, 20(2), v-vi. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
Sacristán, J. G. (2005). O aluno como invenção. Artmed.
Sandre-Pereira, G. (2003). Amamentação e Sexualidade. Estudos Feministas, 11(2), 467-491. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2003000200007
Saviani, D. (2000). Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações (7. ed.). Autores Associados.
Schucman, L. V. (2012). Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/T.47.2012.tde-21052012-154521
Segato, R. L. (2006). O Édipo Brasileiro: a dupla negação de gênero e raça. Série Antropologia.
Silva, D. A., & Peixoto, V. A. C. (2015). Professoras (?) de educação infantil: o que dizem as educadoras de creche sobre sua profissionalidade. Anais do EDUCERE - Congresso Nacional de Educação, Curitiba, PR, Brasil, XII.
Silva, H. L. F. (2006). As trabalhadoras da Educação Infantil e a construção de uma identidade política [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás, Goiânia]. https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/208/o/disserta%C3%A7%C3%A3o_hugo_leonardo.pdf
Silva, M. R., Oliveira, B. C., & Ferrari, A. G. (no prelo). Da experiência ao relato clínico: desafios do registro em uma pesquisa psicanalítica.
Todos Pela Educação e Editora Moderna. (2019). Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019. Editora Moderna. https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Educação

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DERECHOS DE AUTOR
La sumisión de originales para la Educação implica la transferencia, por los autores, de los derechos de publicación. El copyright de los artículos de esta revista es el autor, junto con los derechos de la revista a la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos resultados en otras publicaciones indicando claramente a
Educação como el medio de la publicación original.
CREATIVE COMMONS LICENSE
Debido a que es una revista de acceso abierto, permite el libre uso de artículos en aplicaciones científicas y educativas, siempre y cuando la fuente. De acuerdo con la Licencia Creative Commons CC-BY 4.0, adoptada por la
Educação el usuario debe respetar los requisitos abajo.
Usted tiene el derecho de:
Compartir - copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato.
Adaptar - remezcla, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso con fines comerciales.
Sin embargo, sólo de acuerdo con los siguientes términos:
Asignación - Usted debe dar el crédito apropiado, proveer un enlace a la licencia e indicar si los cambios se han hecho. Debe hacerlo en condiciones razonables, pero de ninguna manera que sugiera que
Educação usted o su uso es compatible.
No hay restricciones adicionales - No se pueden aplicar términos legales o naturaleza tecnológica de las medidas que restringen legalmente hacer algo distinto de los permisos de licencia.
Avisos:
Usted no tiene que cumplir con los términos de licencia con respecto a los elementos materiales que son de dominio público o cuyo uso está permitido por una excepción o limitación que se aplica.
Garantías no se les da. La licencia no le puede dar todos los permisos necesarios para el uso previsto. Por ejemplo, otros derechos, como derechos de imagen, privacidad o derechos morales, pueden limitar el uso del material.
Para obtener más información acerca de la licencia Creative Commons, siga el enlace en la parte inferior de esta página web.