“Sin senderos prefijados”
A defesa da autonomia feminista nas páginas de Brujas (1981-1996)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2021.1.38147Palavras-chave:
autonomia, onguização, feminismo, Argentina, imprensa.Resumo
Entre os anos de 1980 e 1990, diversos países latino-americanos, a exemplo da Argentina, do Brasil e do Chile, retornaram à via democrática. Não obstante, foi neste mesmo período em que muitos adotaram ou fortaleceram projetos neoliberais. Essa profunda mudança política, marcada pela diminuição do papel do Estado, foi acompanhada por uma rápida expansão das Organizações Não Governamentais (ONGs) e pela incorporação de alguns pontos da agenda feminista pelo Estado. Essa nova ordem sociopolítica resultou no processo de “onguização”, isto é, alterações estruturais que passaram a modelar as ONGs, as quais passaram a desenvolver projetos, financiados por agências de cooperação internacional, contendo, na maioria das vezes, equipes especializadas e remuneradas. Muitos movimentos sociais se institucionalizaram, entre eles, coletivos feministas latino-americanos. Este fato levou a importantes interrogações sobre a capacidade de autonomia do movimento e a eficácia de tais projetos na transformação da realidade feminina. Isto é, questionou-se se esse novo campo de atuação provocaria uma substituição da antiga militante pela “especialista de gênero”, diminuindo a tônica do engajamento feminista. Frente a estas questões, este artigo busca apresentar como este debate figurou na revista Brujas, publicada pela Asociación de Trabajo y Estudio de la Mujer “25 de noviembre” (ATEM), em Buenos Aires, Argentina, entre os anos de 1983 e 1996.
Downloads
Referências
ALMA, Amanda, LORENZO, Paula. Mujeres que se Encuentran: Una recuperación histórica de los Encuentros Nacionales de Mujeres en Argentina (1986-2005). Buenos Aires, República Argentina, Editora Feminaria, 2009.
ALVAREZ, Sonia. “A ‘globalização’ dos feminismos latino-americanos: tendências dos anos 90 e desafios para o novo milênio”. In: ALVAREZ, Sonia; DAGNINO, Evelina, ESCOBAR, Arturo. Cultura e Política nos movimentos sociais latino-americanos: novas leituras. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000.
____. Beyond NGO-ization? Reflections from Latin America. Development, n. 52, Vol. 2, 2009.
ALVAREZ, Sonia, et.al. Encontrando os Feminismos Latino-Americanos e Caribenhos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, n.11, vol.2, jul./dez, 2003
BARRANCOS, Dora. Mujeres en la sociedad argentina. Una historia de cinco siglos. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2007.
BROWN, Josefina. De la institucionalización de los asuntos de las mujeres en el Estado Argentino y algunos de los avatares, entre los ochenta y los noventa, Mora, 2008.
CAMPOS, Esteban. ¿Que 20 años no es nada? Globalización, posmodernidad y rebelión en Argentina, de Menem a Kirchner (1988–2008). Argumentos, México, vol. 22 n. 61, 2009.
CALVERA, Leonor. Mujer y Feminismo en la Argentina. Buenos Aires: Grupo Editor Latinoamericano, 1990.
CALVEIRO, Pilar. Poder e desaparecimento: os campos de concentração na Argentina. São Paulo: Boitempo, 2013.
CAPELATO, Maria H. R. Multidões em Cena. Propaganda Política no Varguismo e no Peronismo. São Paulo: Fapesp/Papirus, 1998.
____. Memória da Ditadura Militar Argentina: um desafio para a História. Revista Clio. Revista de Pesquisa Histórica, n. 24, 2006.
CHETJER, Silvia. Temas del Debate Feminista Contemporáneo: feminismo por feminista (1970-1996). Travesías, n. 5, año 4, Centro de Encuentro Cultura y Mujer, octubre, 1996.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: Mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução: Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.
FEDULLO, Liliana, LUQUE, Cecília. Política Feminista en Argentina. INTI, Revista de Literatura Hispánica, nº 57-58, 2003
FRASER, Nancy. O feminismo, o capitalismo e a astúcia da história. Revista Mediações, Londrina, v. 14, n.2, p. 11-33, 2009.
HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 2006.
MORAES, Maria Lygia Quartim. Feminismo, Movimento de Mulheres e a (Re) construção da Democracia em três países da América Latina. Primeira Versão 121, Campinas: IFHC/UNICAMP, 2003.
OLIVEIRA, Júlia Glaciela S. Militância ou Profissionalização de Gênero? Um estudo comparativo na imprensa feminista do Brasil, da Argentina e do Chile (1981-1996). 2019. 333 fls. Doutorado em História Social. Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo (USP), 2019.
PEDRO, J., SOITEH, R. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. Revista Brasileira de História, Vol. 27, n. 54, 2007.
PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. São Paulo: Contexto, 2008.
SCHILD, Verónica. Feminismo y neoliberalismo na América Latina. Revista Nueva Sociedad, edição em português, 2017.
SCOTT, Joan. “História das Mulheres. In. BURKER, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
TILLY, Louise. Gênero, história das mulheres. Cadernos Pagu, Campinas, n. 3, 1994.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Júlia Glaciela da Silva Oliveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Estudos Ibero-Americanos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Estudos Ibero-Americanos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.