Precisamos de mais de 50.000 palavras no léxico ortográfico para ler?
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2019.2.34510Palavras-chave:
Decodificação. Leitura. Traços invariantes das letras. Valores dos grafemas no Português Brasileiro escrito. Níveis hierárquicos.Resumo
Proponho-me explicar o processamento da decodificação na leitura, a partir dos momentos que a precedem (escolha do que ler, da pré-leitura, do momento da fixação, quando os cones abarcam de 3 a 4 letras à esquerda à do centro do olhar e de 7 a 8 à direita, até quando manchas são pulverizadas e depois transformadas em traços invariantes. Ocorre, então, uma convergência, e os traços invariantes tanto da área V4 esquerda, quanto da direita, são enviados para a área occípito-temporal ventral esquerda: é quando tem início o reconhecimento de quais, quantos e como se combinam os traços invariantes que diferenciam uma letra de outra. Enfatizo uma diferença bastante negligenciada nos modelos de processamento da leitura, entre o reconhecimento das letras e o dos grafemas. Demonstro que aquele independe da língua em que o texto foi escrito, enquanto o valor, ou fonema é a razão de ser do grafema, pois ele o representa na escrita. Apresento os valores independentes do contexto grafêmico, que os grafemas do Português Brasileiro (PB) escrito têm, bem como vários casos de previsibilidade dos valores dependentes do contexto grafêmico ou através da metalinguagem e/ou do contexto textual morfossintático e semântico. Procuro falsear a existência de um léxico ortográfico para a decodificação de palavras, como condição para seu reconhecimento.
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