Responsabilização ameaçada: sobre falar “bobagem” em educação

Autores

  • Thomas Kesselring Universidade de Berna

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.3.18387

Palavras-chave:

– Ética. Educação. Ensino superior. Marketing. Bullshit.

Resumo

Em seu livro On Bullshit, Harry Frankfurt constata uma trivialização crescente tanto na comunicação humana quanto na produção de textos. À primeira vista, Bullshit (falar bobagem) parece ser uma expressão semelhante à mentira. No entanto, o mentiroso mantém a distinção entre o verdadeiro e o falso, enquanto o Bullshiter faz pouco caso desta distinção. Desse modo, o Bullshit se aproxima do blefe. Qual é a causa do aumento da produção de Bullshit? Frankfurt sugere que isso se deve ao achatamento do discurso político. Mas como podemos explicar esse fenômeno? Mesmo com o elevado nível de sua análise, Frankfurt esquece de mencionar uma característica da atual sociedade de mercado, ou seja, o papel cada vez mais importante do marketing. Quando a cultura da concorrência e do marketing começou a fazer parte da educação superior, práticas que originariamente nada têm a ver com a educação, como a jactância, o engano, ranking e benchmarking passaram a pervadir e perverter também o ensino superior. Este artigo descreve e analisa as excrescências esquisitas desse processo.

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Biografia do Autor

Thomas Kesselring, Universidade de Berna

Filósofo suíço, formado na Alemanha. Ensina ética, ecologia e multiculturalidade na Escola Superior de Pedagogia de Berna (Suíça) e filosofia na Universidade de Berna. É professor convidado da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da Universidade Pedagógica em Maputo (Moçambique). Obras principais: Entwicklung und Widerspruch (Frankfurt, 1981), DieProduktivität der Antinomie (Frankfurt, 1984), [[Jean Piaget (Munique, 1999)]], Ethik der Entwicklungspolitik (Munique, 2003), traduzido para o português: Ética, política e desenvolvimento humano (Caxias do Sul: Educs 2007), eHandbuch Ethik für Pädagogen [Manual de ética para pedagogos] (Darmstadt:Wissenschaftliche Buchgesellschaft, no prelo).

Referências

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Publicado

2014-12-15

Como Citar

Kesselring, T. (2014). Responsabilização ameaçada: sobre falar “bobagem” em educação. Educação, 37(3), 435–440. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.3.18387