A questão fundamental da crítica de Tugendhat a Heidegger: falsidade, descerramento e a transição semântica de ‘verdade’
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.1.36570Palavras-chave:
Verdade. Heidegger. Tugendhat. Falsidade.Resumo
Reconstroem-se, neste artigo, as objeções de Daniel Dahlstrom (2001) e Rufus Duits (2007) à crítica de Tugendhat (1970) à tese heideggeriana de que o conceito primordial de verdade consiste na noção de desvelamento (Unverborgenheit). De diferentes modos, ambos os autores mantêm que Heidegger, ao contrário das acusações de Tugendhat, seria capaz de dar conta da falsidade. Grosso modo, enquanto Dahlstrom propõe que Tugendhat não apreciou o caráter transcendental do conceito originário de verdade em Heidegger, Duits acusa Tugendhat de haver se prendido à perspectiva metafísica da Vorhandenheit. O objetivo deste artigo é indicar, com a ajuda dessa discussão, a questão fundamental da crítica de Tugendhat que, como parte da literatura mostrou (LAFONT, 1994; SMITH, 2007), reside não tanto na exigência de uma explicação para a falsidade, mas muito mais na exigência de uma justificação para a transição semântica de ‘verdade’. Após mostrar nas duas primeiras seções como, respectivamente, Dahlstrom e Duits não atingem o cerne da crítica de Tugendhat, defendo na terceira seção minha interpretação da crítica de Tugendhat contra certas reservas recentemente articuladas por Wrathall (2011). Concluo indicando a consonância dessa interpretação com a concessão de Heidegger em Das Ende der Philosophie und die Aufgabe des Denkens e apontando algumas questões pendentes.
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