“O direito vive da exceção”

Uma leitura sobre a máquina jurídico-política em Giorgio Agamben

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45237

Palavras-chave:

Agamben, direito, exceção, homo sacer

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar o funcionamento da máquina jurídico-política de acordo com o pensamento de Giorgio Agamben. Partindo da releitura dos fundamentos do Estado como uma relação jurídica de abandono, o trabalho desenvolve a hipótese de que “o direito vive da exceção”, entendendo essa formulação no duplo sentido de que a exceção origina a ordem jurídica podendo também findá-la e, ao mesmo tempo, constitui o seu modo normal de aplicação. À luz da filosofia agambeniana, a máquina jurídico-política opera através da articulação entre auctoritas e potestas; contudo, ao fazer coincidir autoridade e poder, a modernidade permitiu que o estado de exceção, que articula os dois polos da máquina, se tornasse a regra. A contribuição do presente trabalho consiste em destacar como a suposta ineficácia das normas jurídicas, frequentemente interpretada como ausência do direito, é não apenas estrutural ao ordenamento jurídico, mas funcional para o governo dos corpos.

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Biografia do Autor

Macell Cunha Leitão, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Floriano, Piauí, Brasil.

Doutor em Direito e Mestre em Teoria, História e Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bacharel em Direito pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

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Publicado

2024-08-28

Como Citar

Cunha Leitão, M. (2024). “O direito vive da exceção”: Uma leitura sobre a máquina jurídico-política em Giorgio Agamben. Veritas (Porto Alegre), 69(1), e45237. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45237

Edição

Seção

Filosofia & Interdisciplinaridade