Memória, ética e estética: algumas considerações a partir de Adorno, Levinas e Gur-Ze’ev
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.2.37851Palavras-chave:
História, memória, ética, estética, Eros.Resumo
A reflexão parte da tarefa que Benjamin atribui aos que estão vivos: originar um verdadeiro “estado de exceção”. Compreende-se que essa é a tarefa primeira de uma Educação Histórica ética e estética. O artigo está organizado em três partes que compreendem os três elementos indissociáveis que constituem os primeiros movimentos no sentido de superar o “estado de Exceção” da violência sem memória. Na primeira parte, discutimos, a partir de Adorno, o “estado de exceção” da violência sem memória e reafirmamos o dever de memória que se opõe a barbárie. Na segunda parte, comentamos, seguindo Levinas, a ética da responsabilidade. Na terceira, analisamos a estética do Eros contraeducativo de Gur-Ze’ev. Conclui-se que a postura de um pensar histórico ético e estético perpassa a recusa de esquecer e o desenvolvimento de uma atitude crítica para consigo mesmo, para com o Outro, e finalmente para com a realidade.
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