Merleau-Ponty e a herança hegeliana da dialética
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2014.2.12248Palavras-chave:
Merleau-Ponty. Hegel. Dialética. História. Contingência. Ambiguidade.Resumo
Sabe-se que, ao ganhar expressão na obra de Hegel, a dialética ainda terá uma repercussão decisiva no debate contemporâneo. Amostra disso é a sua recepção no seio da tradição fenomenológica inaugurada por Husserl, e que tem, nas figuras de Sartre e de Merleau- Ponty, duas referências emblemáticas. Meu objetivo, aqui, consiste em fazer um sumário balanço dessa herança conceitual nas mãos desse último autor. Quer dizer: partindo da própria matriz hegeliana, ao situar o seu alcance e os seus limites, trata-se de cortejar a inflexão operada pela noção merleau-pontyana de “hiperdialética”, ou seja, uma “dialética sem síntese”. O que Merleau-Ponty retrata é o reconhecimento, na dialética, de uma atitude “autocrítica” no sentido de que ela não pode ser nem o “ser para si” nem o “ser em si”. Sua dimensão “hiper” acentua, sobremaneira, um movimento de “ir além”, de “transcender” toda polaridade rígida, isto é, de desconstruir toda síntese final positiva indiferente ao sentido ambíguo da experiência e da história no coração da contingência.
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