Mística da transcendência corporal de Maria no Recôncavo Baiano

a celebração da integralidade do finito no infinito

Resumo

O presente texto propõe-se a analisar a temática do culto à Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira, município situado no Recôncavo da Bahia, desenvolvido pela Irmandade da Boa Morte, desde o final do século XIX. O culto mariano, promovido por um grupo de mulheres negras, denominadas “Irmãs da Boa Morte”, pertencentes a um culto de matriz africana, mais precisamente ao Candomblé, se destaca como uma tradição cuja importância é ressaltada pelo sincretismo que une elementos da religiosidade afro-brasileira com os de uma antiga festividade cristã, a transcendência corporal de Maria. Assim, este texto – adotando a pesquisa bibliográfica como metodologia e apresentando como referenciais teóricos o fenomenólogo da religião e estudioso de mística cristã Juan Martín Velasco, bem como os teólogos Bruno Forte e Clodovis M. Boff, O.S.M. – pretende analisar o fenômeno místico da devoção mariana mantida pela Irmandade da Boa Morte. Para as Irmãs da Boa Morte, Maria assunta ao céu em corpo e alma demonstra o caráter totalizante da interioridade, mas também da corporalidade humana, isto é, a humanidade toda vê-se envolvida na absoluta realização do ser. Nosso estudo deseja contribuir para o conhecimento teológico da experiência de fé vivida na Irmandade da Boa Morte.