Ciência e religião
uma relação mal-entendida
DOI:
https://doi.org/10.15448/0103-314X.2024.1.45235Palavras-chave:
Razão, Fé, ModernidadeResumo
Tornou-se senso comum a ideia de que a ciência é uma forma explicativa mais desenvolvida que a religião, que ao longo do tempo se opôs a essa e tomou o seu lugar. O pensamento de Auguste Comte, direcionando a história como uma evolução na explicação dos fenômenos naturais, caracteriza bem esse movimento, em que no início explicávamos os eventos por meio de mitos (ou entidades sobrenaturais), com o advento da metafísica passamos a um pensamento dedutivo-abstrato e finalmente chegamos ao pensamento empírico-científico. Foram muitos os pensadores do século XIX que enxergaram esse movimento de crescimento da ciência e diminuição do sentimento religioso e vaticinaram o triunfo do racionalismo científico e o desaparecimento da escuridão da devoção. Neste artigo, pretendemos argumentar que a racionalidade científica, ela mesma, não é impeditivo para a religião, mas, isso sim, a maneira como a modernidade entendeu esse processo de racionalização; construindo interpretações do pensamento científico que excluíam a religião, legou à religiosidade um status de superstição, expulsando-a do mundo moderno.
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