Determinantes da relação entre percepção do funcionamento do sistema urinário atrapalhar a vida e a qualidade de vida de longevos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2020.1.36769

Palavras-chave:

idoso de 80 anos ou mais, sistema urinário, sintomas do trato urinário inferior, incontinência urinária, qualidade de vida

Resumo

Objetivo: este estudo buscou avaliar a relação entre a percepção do funcionamento do sistema urinário atrapalhar a vida de modo geral com a análise do questionário Kings Health Questionnaire (KHQ) em longevos.
Métodos: estudo transversal e analítico. Foram investigadas características sociodemográficas e clínicas, bem como, o impacto da incontinência urinária (IU) na Qualidade de vida (QV) pelo instrumento KHQ. Frequências, médias e desvio-padrão, testes de qui-quadrado, t de student e regressões logísticas foram calculadas, aceitando como significativos valores de p<0,05.
Resultados: participaram 82 longevos, 68% mulheres, idade média de 92,3±2,7 anos, 71% incontinentes e 43% referindo que a funcionalidade pélvica atrapalhava a vida. Indivíduos incontinentes relataram mais frequentemente a queixa investigada. Os domínios, impacto da IU, emoções, limitação físico-social, limitação no desempenho de tarefas do KHQ e seu escore total foram relacionados com a queixa. Indivíduos que relataram limitação de tarefas fora de casa, em viagens, vontade forte de urinar e difícil de controlar, sentimento de depressão e ansiedade ou nervosismo tinham aumento significativo na chance de relatar que a funcionalidade pélvica atrapalhava a vida.
Conclusão: o KHQ foi relacionado com a chance de relato de que o funcionamento do sistema urinário atrapalhava a vida. Mesmo assim, boa parte dos incontinentes não relatava que a condição atrapalhava a vida. Por isso, os resultados demonstram que mesmo na ausência de afirmação positiva de ausência de IU, o funcionamento do sistema urinário pode comprometer a QV. Os achados sugerem que, ou os participantes realmente tinham IU e não a percebiam como tal, ou que é necessário investigar outras questões como frequência miccional, por exemplo. O uso do KHQ permitiu identificar que mesmo na ausência de relato de IU o funcionamento do sistema urinário pode interferir na QV de longevos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luisa Braga Jorge, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Escola de Medicina, Porto Alegre, RS

Fisioterapeuta, pós-graduada em Fisioterapia Pélvica pela INSPIRAR (Curitiba, PR, Brasil). Mestre e doutoranda em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil).

Josemara de Paula Rocha, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Escola de Medicina, Porto Alegre, RS

Fisioterapeuta, Mestre em Envelhecimento Humano, Especialista em Saúde do Idoso pela Universidade de Passo Fundo (UPF, Passo Fundo, RS, Brasil). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Gerontologia Biomédica da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil).

Ângelo José Gonçalves Bós, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Escola de Medicina, Porto Alegre, RS

Médico. Especialista em Geriatria e Gerontologia pelo IGG da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil) e Saúde Comunitária pela Unidade Sanitária Murialdo. Doutor em Saúde Comunitária pela Tokai University (Japão). Pós-doutorado em Epidemiologia do Envelhecimento pelo Instituto Nacional Americano sobre o Envelhecimento e Escola de Saúde Pública da Universidade de Johns Hopkins (Baltimore, EUA). Pós-doutorado no Departamento de Saúde e Participação Social do Tokyo Metropolitan Institute of Gerontology (Japão). Professor permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em Gerontologia Biomédica e Professor Titular da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil).

Rodolfo Herberto Schneider, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Escola de Medicina, Porto Alegre, RS

Médico, especialista em Clínica Médica e Geriatria; Mestre e Doutor em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil); Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica. Coordenador da Comissão Científica do Instituto de Geriatria e Gerontologia. Consultor da CAPES na Área Interdisciplinar. Chefe do Serviço de Densitometria Óssea do Hospital São Lucas da PUCRS, Pesquisador responsável pelo Grupo de Pesquisa em Envelhecimento Osteomuscular e Osteoporose (GEOMO) – CNPQ (PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil).

Referências

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo de 2010. 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm. Acesso em: 12 mar. 2017.

Silva SPZ, Marin MJS, Rodrigues MR. Condições de vida e de saúde de idosos acima de 80 anos. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(3):42-8. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.03.50263

Honório MO, Santos SMA. Incontinência urinária e envelhecimento: impacto no cotidiano e na qualidade de vida. Rev bras enferm. 2009;62(1):51-6. https://doi.org/10.1590/S0034-71672009000100008

Lopes MHB, Higa R. Restrições causadas pela incontinência urinária à vida da mulher urinária à vida da mulher. Rev esc enferm USP. 2006;40(1):34-41. https://doi.org/10.1590/S0080-62342006000100005

Bomfim IQM, Soutinho SRS, Araújo SRS. Comparação da qualidade de vida das mulheres com incontinência urinária atendidas no sistema de saúde público e privado. Revista cientifica ciências biológicas e da saúde. 2014; 16(1):19-24.

Flores MN, Santos NC, Féra P, Glashan RQ. Incontinência urinária em idosas institucionalizadas. Sinopse

de Urologia 2004;8(3):70-4.

Jrez-roig J, Souza DLB, Lima KC. Incontinência urinária em idosos institucionalizados no Brasil: uma revisão integrativa. Rev bras geriatr gerontol. 2013;16(4):865-79. https://doi.org/10.1590/S1809-98232013000400020

Morsch P, Pereira GN, Navarro JHN, Navarro JHN, Trevisan MD, Lopes DGC, Bós AJG. Clinical characteristics and social determinants in a sample of non-homebound elderly. Cad Saude Publica. 2015;31(5):1025-34. https://doi.org/10.1590/01021-311X00053014

Soliman Y, Meyer R, Baum N. Falls in the elderly secondary to urinary symptoms. Rev Urol. 2016;18(1):28-32.

John G, Bardini C, Combescure C, Dällenbach P. Urinary incontinence as a predictor of death: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2016;11(7):e0158992. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0158992

Rigo II, Bós AJG. Disfunção familiar em nonagenários e centenários, importância das condições de saúde e suporte social. Cien Saude Colet [Internet]. 2019 [cited 2020 Mar 26]; Available from: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/disfuncao-familiar-em-nonagenarios-e-centenarios-importancia-das-condicoes-de-saude-e-suporte-social/17390?id=17390

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Cadernos de atenção básica, n. 19. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. 1st ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006.

Zanella AK. Avaliação da consciência da musculatura do assoalho pélvico e sua relação com a incontinência urinaria em idosas, [tese]. Porto Alegre (RS): Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2018.

Fonseca ESM, Camargo ALM, Castro RA, Sartori MG, Fonseca MCM, Lima GR, Girão MJBC. Validação do questionário de qualidade de vida (King’s Health Questionnaire) em mulheres brasileiras com incontinência urinária. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(5):235-42. https://doi.org/10.1590/S0100-72032005000500002

Berlezi EM, Dal Bem A, Leite CAMT, Bertolo EM. Incontinência urinária em mulheres no período pósmenopausa: um problema de saúde pública. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, 2009; 12(2):159-73. https://doi.org/10.1590/1809-9823.2009120200

Silva APM, Santos VLCG. Prevalência da incontinência urinária em adultos e idosos hospitalizados. Rev esc enferm USP. 2005;39(1): 36-45. https://doi.org/10.1590/S0080-62342005000100005

Neto ONV. Infecção do trato urinário. Medicina (Ribeirão Preto). 2003;36(1):365-9. https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v36i2/4p365-369

Higa R, Lopes MHBM, Reis MJ. Fatores de risco para incontinência urinária na mulher. Rev esc enferm USP 2008;42(1):187-92. https://doi.org/10.1590/S0080-62342008000100025

Miner, JRPB. Economic and personal impact offecal and urinary incontinece. Gastroenterology. 2004;126:S8– S13. https://doi.org/10.1053/j.gastro.2003.10.056

Oliveira JM, Salgado LBG, Schmitt SCB, Rosa LCL. Correlação entre sintomas urinários e qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária. Fisioterapia e Pesquisa 2007;14(3):12-7

Sampselle CM 1, Harlow SD, Skurnick J, Brubaker G, Bondarenko EU. Preditores de incontinência urinária e impacto na vida em mulheres etnicamente diversas na perimenopausa. Obstet Gynecol.2002; 100(6):1230-8. https://doi.org/10.1097/00006250-200212000-00013

Heilberg IP, Schor, N. Abordagem diagnóstica e terapêutica na infecção do trato urinário: ITU. Rev. Assoc. Med. Bras. 2003 Jan;49(1):109-16. https://doi.org/10.1590/S0104-42302003000100043

Bontempo APS,Alves AT,Martins GS,Jácomo RH,Malschik DC, Menezes RL. Fatores associados à síndrome da bexiga hiperativa em idosas: um estudo transversal. Rev Bras Geriatr Gerontol., 2017; 20(4): 474-83

Marinho, AR; Leal, BB; Flister, JS; Bernardes NO; Rett, MT. Incontinência urinária feminina e fatores de risco. Fisioterapia Brasil, 2006;7(4):301-6. https://doi.org/10.33233/fb.v7i4.1921

Faria CL, Moraes JR, Monnerat BRD, Veridiano KA, Hawerroth PAMM, Fonseca SC. Impacto do tipo de incontinência urinária sobre a qualidade de vida de usuárias do Sistema Único de Saúde no Sudeste do Brasil. Rev Bras Ginecol Obstet. 2015;37(8):374-80. https://doi.org/10.1590/SO100-720320150005394

Downloads

Publicado

2020-07-24

Como Citar

Jorge, L. B., Rocha, J. de P., Bós, Ângelo J. G., & Schneider, R. H. (2020). Determinantes da relação entre percepção do funcionamento do sistema urinário atrapalhar a vida e a qualidade de vida de longevos. Scientia Medica, 30(1), e36769. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2020.1.36769

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>