Análise da marcha de crianças com paralisia cerebral com e sem uso de órteses de tornozelo e pé
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2018.2.29390Palavras-chave:
paralisia cerebral, criança, hemiparesia, órtese, marcha.Resumo
OBJETIVOS: Analisar os parâmetros lineares da marcha de crianças com paralisia cerebral hemiparética espástica, usuárias de órteses de tornozelo e pé articuladas.
MÉTODOS: Foi realizada a análise tridimensional da marcha de oito crianças com paralisia cerebral hemiparética espástica, com idade entre 5 e 10 anos, classificadas nos níveis I e II do Sistema de Classificação da Função Motora Grossa, com e sem o uso de órtese de tornozelo e pé. Um sistema de cinemetria com sete câmeras integradas capturou a trajetória tridimensional dos marcadores no corpo dos participantes durante a marcha, sendo os dados coletados em uma taxa de amostragem de 100 Hz. Para as comparações foram utilizados o teste t pareado e o teste t para uma amostra.
RESULTADOS: Em relação às variáveis espaço-temporais da marcha das crianças com paralisia cerebral comparadas com os valores da normalidade, apenas a velocidade (tanto com a órtese quanto sem a órtese) apresentou diferença estatisticamente significativa. O valor médio normal da velocidade da marcha é de 1,25 m/s, enquanto nos participantes sem uso de órtese a velocidade média foi de 0,98±0,10 m/s (p=0,0001) e com o uso de órtese a velocidade média foi de 0,96±0,21 m/s (p=0,0001). Na comparação entre as crianças usando ou não a órtese de tornozelo e pé articulada, a velocidade, a cadência e o comprimento do passo foram respectivamente de 0,98±0,10 m/s, 131±16,15 passos/min e 0,44±0,08 m nas crianças sem a órtese; e de 0,96±0,21 m/s, 128,37±22,9 passos/min e 0,48±0,05 m nas crianças com a órtese. As diferenças não foram estatisticamente significativas.
CONCLUSÕES: A comparação entre o mesmo grupo com e sem o uso das órteses de tornozelo e pé articuladas sugere que o uso das mesmas nas crianças com paralisia cerebral possa promover um aumento do comprimento do passo e uma diminuição da velocidade e da cadência em relação à condição sem órtese, favorecendo uma melhor distribuição de peso no membro parético e proporcionando uma melhor simetria na marcha. Entretanto as diferenças não foram estatisticamente significativas. Assim, espera-se que os resultados obtidos neste estudo possam servir de piloto para futuras pesquisas, com amostras maiores.
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