Modos narrativos de fazer mundos: jornalismo, ficção e verdade
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2016.3.23047Palavras-chave:
Jornalismo, narrativa, relativismoResumo
Os autores que avançaram a noção construtivista da notícia como uma narrativa permaneceram presos ao paradigma do jornalismo como espelho da realidade. A alternativa aqui proposta consiste em radicalizar a perspectiva do jornalismo como atividade poética de criação de mundos. Para tanto, será preciso abandonar o mito da objetividade e solapar a primazia da noção de verdade como correspondência com a realidade, sem contudo cair no relativismo. Trata-se de deslocar o critério empregado para decidir sobre a validade do discurso jornalístico: não mais o objetivismo que insiste na fidelidade aos “fatos” tais como supostamente ocorreram, mas uma hermenêutica atenta à fertilidade das perspectivas que as narrativas jornalísticas trazem à esfera pública.Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, Afonso; LYCARIÃO, Diógenes e MAGALHÃES, Eleonora. Jornalismo parcial feito para vender: a decadência do padrão “catch-all” pelas leis do mercado. Artigo apresentado no VII Congresso da Compolítica. Rio de Janeiro, PUC, 2015.
AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
BOUDANA, Sandrine. A definition of journalistic objectivity as a performance. Media, Culture & Society. United States: New York, v. 33, n. 3, p. 385-398, April 2011.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
BREED, Warren. Controlo social na redação: uma análise funcional. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: Questões, Teorias e “estórias”. Portugal: Vega, p.152-166, 1999.
BIRD, Elizabeth e DARDENNE, Robert. Mito, Registo e Estórias: Explorando as Qualidades Narrativas das Notícias. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: Questões, Teorias e “estórias”. Portugal: Vega, p. 263-277, 1999.
CALCUTT, Andrew e HAMMOND, Philip. Journalism Studies – A Critical Introduction. London/New York: Routledge, 2011.
CHOMSKI, Noam. Controle da Mídia. Os espetaculares feitos da propaganda. Rio de Janeiro: Graphia, 2003.
COELHO, Marcelo. Fatos, argumentos, versões: a política da notícia. In: NOVAES, Adauto (org.) O esquecimento da política. Rio de Janeiro: Agir, p. 335-354, 2007.
DEUZE, Mark. What is journalism? Journalism. England: London, v. 6, n. 4, p. 442-464, 2005.
DURHAM, Meenakshi Gigi. On the relevance of standpoint epistemology to the practice of journalism: the case for “Strong objectivity”. Communication Theory, v. 8, n. 2, p. 117-140, May 1998.
EAGLETON, Terry. A ideologia e suas vicissitudes no marxismo ocidental. In: ZIZEK, Slavoj (org.). Um Mapa da Ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 179-226, 1996.
FISH, Stanley. Is there a text in this class? The authority of interpretative communities. United States: Cambridge, MA Cambridge, MA, Harvard University Press, 1980.
GANS, H. Deciding what’s news. A study of CBS evening News, Newsweek and Time. New York: Pantheon, 1979.
GEERTZ, Clifford. Nova Luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
GOODMAN, Nelson. Modos de Fazer Mundos. Portugal: Edições ASA,1995.
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia. Entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
KUYPERS, Jim A. Framing analysis from a rethorical perspective. In: D’ANGELO, Paul e KUYPERS, Jim A (eds.) Doing News Framing Analysis. New York/London: Routledge, p. 286-311, 2010.
LICHTENBERG, Judith. In Defense of Objectivity. In: CURRAN, James e GUREVITCH, Michael (eds.). Mass Media and Society. London: Arnold, p. 225-242, 1991.
MCCOMBS, Maxwell. Setting the Agenda. The mass media and public opinion. United Kingdom: Polity Press, 2004.
MIGUEL, Luis Felipe. Quanto vale uma valência? (o paper proibidão). Paper apresentado no VII Congresso da Compolítica. Rio de Janeiro, PUC, 2015.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Jornalismo e configuração narrativa da história do presente. Contracampo, Universidade Federal Fluminense, n. 12, p. 23-50, 2005a.
______. A Análise Pragmática da Narrativa Jornalística. 28 Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo: Intercom, 2005b. Disponível em: <http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=43427>. Acesso em: 2 fev. 2015.
______. The opposition between mediacentric and sociocentric paradigms. Brazilian Journalism Research, v. 1, n. 1, p. 61-86, 2005c.
MOULLIAUD, Maurice. A informação ou a parte da sombra. In: MOULLIAUD, Maurice e PORTO, Sergio Dayrell (orgs.). O Jornal: da forma ao sentido. Brasília: Editora Universidade de Brasília, p. 55-65, 2012.
OGNIANOVA, E. E ENDERSBY, J. Objectivity revisited: a spatial model of political ideology and mass communication. Journalism and Mass Communication Monographs, 159 (October), 1996.
PATTERSON, Thomas E. Out of order. New York: Vintage Books, 1993.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível. Estética e Política. São Paulo: Editora 34, 2009.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Delimitação, natureza e funções do discurso midiático. In: MOULLIAUD, Maurice e PORTO, Sergio Dayrell (orgs.). O Jornal: da forma ao sentido. Brasília: Editora Universidade de Brasília, p. 227-242, 2012.
RORTY, Richard. Contingência, Ironia e Solidariedade. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
______. A filosofia e o espelho da natureza. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
SANCHEZ, J. F. El periodista como contador de histórias. Estudos de Periodística. Madrid: Universidad Complutense,1992.
SCHUDSON, Michael. A política da forma narrativa: a emergência de convenções noticiosas na imprensa e na televisão. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: Questões, Teorias e “estórias”. Portugal: Vega, p. 294-305, 1999.
SEARL, John. Mente, Linguagem e Sociedade. Filosofia no mundo real. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
SEIDENGLANZ, Rene e SPONHOLZ, Liriam. Objetividade e credibilidade midiática. Considerações sobre uma suposta relação. Revista de Comunicação e Cultura. Bahia: Salvador, n. 6, v. 2, p. 1-24, 2008.
SELLARS, Wilfrid. Empirismo e Filosofia da Mente. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
SILVA, Luiz Martins. Imprensa, discurso e interatividade. In: MOULLIAUD, Maurice e PORTO, Sergio Dayrell (orgs.). O Jornal: da forma ao sentido. Brasília: Editora Universidade de Brasília, p. 341-358, 2012.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Volume 1. Porque as notícias são como são. Florianópolis: Editora Insular, 2012.
TUCHMAN, Gaye. Contando Histórias. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: Questões, Teorias e “estórias”. Portugal: Vega, p. 258-262, 1999.
______. Objectivity as Strategic Ritual: An Examination of News- men’s Notions of Objectivity. American Journal of Sociology, v. 77, n. 4, p. 660–679, 1972.
VEYNE, Paul. Comment on écrit l’histoire. Paris: Seuil, 1971.
WHITE, David M. O Gatekeeper: uma análise de casos na seleção de notícias. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: Questões, Teorias e “estórias”. Portugal: Vega, 1999.
WHITE, Hayden. Meta-História. A imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
______. O valor da narrativa na representação da realidade. In: Caderno de Letras. Universidade Federal Fluminense, n. 3, p. 5-33, s/d/p.
______. Trópicos do Discurso. Ensaios Sobre a Crítica da Cultura. São Paulo: EDUSP, 2001.
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação de massa. São Paulo: Presença, 1990.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Famecos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Famecos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.