Entre o Perdão e o Testemunho:
Vann Nath e as imagens reminiscentes do genocídio cambojano
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2023.1.42898Palavras-chave:
Imagens reminiscentes, Testemunho, PerdãoResumo
O presente artigo aproxima algumas concepções filosóficas acerca do perdão e do testemunho à experiência fílmica de Vann Nath, um pintor e sobrevivente do genocídio cambojano perpetrado pelo Khmer Vermelho entre 1975 e 1979. Nath que é o fio condutor do documentário S21 – A máquina da morte do Khmer Vermelho (2003), de Rithy Pahn, cuja narrativa propõe um confronto entre vítimas e vitimários, todos expostos igualmente, sem pré-julgamentos. Na obra a figura de Vann Nath parece ofertar vida ao impossível: um gesto de perdão e reconciliação face a face com os perpetradores. S21 tematiza as pinturas de Nath, imagens reminiscentes aqui compreendidas como marcas do testemunho do genocídio, na medida em que retratam de forma singular as torturas e violações impostas aos cidadãos do Camboja feitos prisioneiros àquela época; mas não só, atualizam, no presente, a confrontação com o genocídio enquanto fissura inesquecível, (im)perdoável.
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