A imagem de Cristo no cinema
Um caso de idolatria
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2020.1.37184Palavras-chave:
Ícone, Ídolo, Imagem de CristoResumo
A filósofa Marie-José Mondzain, em sua pesquisa acerca do imaginário contemporâneo, faz um recuo à segunda crise do iconoclasmo bizantino para resgatar um conceito operatório comum na análise das imagens produzidas e difundidas na contemporaneidade. Partiremos desse debate, sintetizado na oposição eikon/ eidolon, para comparar a imagem de Cristo em dois filmes religiosos: Rei dos Reis (1927), de Cecil B. DeMille, e O Rei dos Reis (1961), de Nicholas Ray. A análise fílmica verificará como os dois realizadores se posicionaram em relação ao dilema da idolatria: no filme de DeMille, para evitar uma representação idólatra de Jesus, adota-se uma operação marcada por um excesso de mediações, caracterizando-O de acordo com um imaginário iconográfico prévio; já no filme de Ray, a representação exacerbada de Cristo parece refletir, como um autêntico produto de seu tempo, a imagem de uma sociedade idólatra.
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