Corpos e redes: Imagens e cenas dissensuais nos repertórios de ação do movimento secundarista
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.2.31398Palavras-chave:
Cenas de dissenso. Estética da resistência. Secundaristas.Resumo
Este artigo analisa imagens dos protestos dos secundaristas na cidade de São Paulo, de modo a perceber como a cena enunciativa e insurgente da rua nos apresenta: (i) um excesso de corpos vulneráveis e resistentes em circulação no espaço urbano; (ii) um excesso de possibilidades de usos não previstos desses espaços; e (iii) um excesso de palavras que, na materialidade comunicativa e estética dos cartazes, foge dos canais midiáticos tradicionais. Para compreender esses aspectos, foram analisadas as imagens dos protestos nas ruas veiculadas nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo; para contrapor a cobertura tradicional desses veículos de comunicação, escolheu-se analisar também a cobertura realizada pelo Jornalistas Livres e pelo El País Brasil. Para analisar as imagens sob o ponto de vista político e estético, recorremos especialmente aos textos de Rancière (em sua interface com Foucault e Butler).
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