Sobre a sustentabilidade como fantasia liberal-capitalista: do tampão verde à ecologia sem natureza
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2015.3.20552Palavras-chave:
Sustentabilidade, Revistas de negócios, ComunicaçãoResumo
O objetivo desta pesquisa é mapear os modos pelos quais os dispositivos midiáticos especializados em economia e negócios lidam com a tensão entre o discurso liberal-capitalista, que embasa seus contratos de comunicação, e a crise ambiental. A metodologia é a análise discursiva ancorada em Laclau e e Žižek. Para isso foram analisados 629 textos sobre meio ambiente publicados durante um ano nas revistas Exame, IstoÉ Dinheiro e Época Negócios. Foram mapeados os pontos nodais e examinadas as estratégias discursivas que costuram os discursos a partir deste pontos. A análise indicou que o discurso da sustentabilidade corporativa tornou-se a fantasia ideológica que ancora o capitalismo hegemônico; os enunciadores tamponam semioticamente o furo da crise ambiental, erigindo sobre ele os sentidos da sustentabilidade. Dessa forma os antagonismos ecologistas que poderiam ser ameaças ao contrato, não apenas são absorvidos, como passam a ser o ponto nodal da ideologia neo-capitalista, com a promessa de que o crescimento econômico aponte a um futuro verde e limpo.
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