As Guerras Mundiais e as mutações na teoria social da comunicação e dos media
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2015.3.19571Palavras-chave:
Guerras Mundiais, teoria social dos media, propagandaResumo
Se a guerra é a continuação da política por outros meios, então certamente que nela a comunicação, em sentido lato, esteve sempre presente e desempenhou um papel central. As guerras não implicam apenas a violência, mas também a persuasão, a contra-informação, o convencimento e o combate ideológico. Nas guerras modernas, os media têm sido um elemento fundamental para mobilizar nações moldadas por dinâmicas de desenraizamento e desterritorialização com vista a um esforço conjunto de apoio popular à acção bélica do Estado.
Este artigo incide nas transformações que a própria teoria e investigação em comunicação e media sofreram no período entre as duas Guerras Mundiais do século XX. Trata-se de um contexto histórico decisivo para compreender como a institucionalização do campo da comunicação num país central como os EUA ocorreu em condições sociais e políticas que contribuíram para o seu perfil epistemológico, posições teóricas e para a configuração do poder no próprio sistema científico universitário, cujas repercussões continuam a fazer-se sentir de diversas e complexas formas.
Downloads
Referências
ALVES, Artur. Jacques Ellul’s, Anti-Democratic Economy‘: Persuading Citizens and Consumers in the Information Society. TripleC, v. 12, n. 1, p. 169-201, 2014. Disponível em: http://www.triple-c.at.
ARENDT, Hannah. Sobre a Violência. Lisboa: Relógio d'Água, 2014.
BAILLARGEON, Normand. Préface. Edward Bernays et l'invention du gouvernment invisible. In: BERNAYS, Edward. Propaganda. Comment manipuler l'opinion en democratie. Paris: Zones, 2007. p. 5-25.
BARBOSA, Marialva. História da comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2013.
BEAUD, Paul. La société de connivence: Media, mediations et classes sociales. Paris: Aubier, 1984.
BERGANZA CONDE, Maria Rosa. A contribuição de Robert E. Park, o jornalista que se converteu em sociólogo, à teoria da informação. In: BERGER, Christa e MAROCCO, Beatriz (org.). A era glacial do jornalismo. Teorias sociais da imprensa. v. I. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008. p. 15-32.
______. Comunicación, opinión pública y prensa en la sociologia de Robert E. Park. Madrid: CIS, 2000.
BLUMER, Herbert. Suggestion for the study of mass-media effects. In: Symbolic interactionism. Perspective and method. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press, 1998a. p. 183-194.
______. Public opinion and public opinion polling. In: Symbolic interactionism. Perspective and method. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press, 1998b. p. 195-208.
BRAMAN, Sandra. Communication researchers and policy-making. Cambridge: The MIT Press, 2003.
BRETON, Philippe. A manipulação da palavra. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
BRYSTON, Lyman e outros. Needed research in communication. In: PETERS, John D. e SIMONSON, Peter (eds.). Mass communication and American social thought. Keys texts, 1919-1968. Lanhan, Boulder, Nova Iorque, Toronto, Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 2004. p. 136-138.
BYBEE, Carl. Can democracy survive in the post-factual age? A return to Lippmann-Dewey debate about the politic of news. Journalism & Mass Communication Monographs, 1, n. 1, p. 27-66, 1999.
CAREY, James W. The Chicago School and the history of mass communication research. In: MUNSON, Eve S. e WARREN, Catherine. A. (eds.). James W. Carey. A critical reader. Minneapolis e Londres: University of Minnesota Press, 1997, p. 14-33.
______. A cultural approach to communication. In: Communication as culture. Essays on media and society. Nova Iorque e Londres: Routledge, 2009, p. 11-28.
CMIEL, Kenneth. On cynism, evil, and discovery of communication in the 1940's. Journal of Communication, v. 46, n. 3, p. 88-107, 1996.
CZITROM, Daniel. Media and the American mind: From Morse to McLuhan. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1992.
DOMENACH, Jean-Marie. A Propaganda Política. Amadora: Livraria Bertrand, 1975.
DOOB, Leonard. W. Goebbels y sus principios propagandísticos. In: MORAGAS Spá, Miguel. de (ed.). Sociología de la comunicación de masas. III Propaganda política y opinión pública. Barcelona: Gustavo Gili, 1985. p. 122-153.
DORTIER, Jean-François. La publicité nous manipule-t-elle?. Sciences Humaines. Les Grands Dossier, n. 22, p. 59-62, 2011.
EADIE, William F. Communication as an academic field: USA and Canada. In: DONSBACH, Wolfgang (ed.). The international encyclopedia of communication. Blackwell Publishing. Blackwell Online. 15 June 2008.
ELLUL, Jacques. Histoire de la propaganda. Paris: PUF, 1967.
______. Propagandas. Uma análise estrutural. Lisboa: Antígona, 2014.
FRANÇA, Vera. R.V. e SIMÕES, Paula G. A Escola de Chicago. In: CITELLI, Adilson, BERGER, Christa., BOCCEGA, Maria A., LOPES, Maria I. V. de e FRANÇA, Vera R. V. (org.). Dicionário de comunicação: Escolas, teorias e autores. S. Paulo: Contexto, 2014. p. 170-178.
GARRETA, Guillaume. Présentation. In: DEWEY, John. Aprés le liberalism? Ses imposes, son avenir. Paris: Climats, 2014. p. 7-54.
GARY, Brett. Communication research, the Rockefeller Foundation, and mobilization for the war on words, 1938-1944. Journal of Communication, v. 46, n. 3, p. 124-148, 1996.
GITLIN, Todd. Sociologia dos meios de comunicação social. In: ESTEVES, João P. (org.). Comunicação e Sociedade. Lisboa: Livros Horizonte, 2002. p. 105-149.
GLANDER, Timothy. Origins of mass communications research during the American cold war. Educational effects and contemporary implications. Nova Iorque e Londres: Routledge, 2009.
HARDT, Hanno. Social theories of the press: Constituents of communication research, 1840s to 1920s. Nova Iorque e Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 2001.
HEIL Jr., Alan L. Voice of America. Nova Iorque, Columbia University Press, 2003.
JANSEN, Sue. Walter Lippmann, straw man of communication research. In: PARK, David W. e POOLEY, Jefferson (eds.). The history of media and communication research. Contested Memories. Nova Iorque: Peter Lang, 2008. p. 71-112.
LASSWELL, Harold. A estrutura e a função da comunicação na sociedade. In: PISARRA, João P. Comunicação e sociedade. Lisboa: Livros Horizonte, 2002. p. 49-60.
______. Propaganda technique in the World War. Nova Iorque: Peter Smith, 1938.
LIPPMANN, Walter. Public opinion. Nova Iorque, Londres, Toronto, Sydney, Singapura: Free Press Paperbacks, 1997.
LÓPEZ-ESCOBAR, Esteban. Cooley and his communicative theory of the social. The pioneer’s inspiration. In: McCOMBS, Maxwell e ALGARRA, Manuel M. (eds.) Communication and social life. Studies in honor of Professor Esteban López-Escobar. Pamplona: Eunsa, 2012. p. 29-52.
MATTELART, Armand. História da utopia planetária. Da cidade profética à sociedade global. Lisboa: Bizâncio, 2000.
PACKARD, Vance. The hidden persuaders. Nova Iorque: David McKay Co. Inc, 1957.
PARK, Robert. E. The immigrant press and its control. Nova Iorque: Harper & Brothers Publishers, 1922.
PETERS, John. D. Democracy and American communication theory: Dewey, Lippmann. Lazarsfeld. Communication, 1, p. 199-220, 1989.
PETER, John D. e SIMONSON, Peter. From hope to disillusionment. Mass communication theory. Coalesces, 1919-1933. In: Mass communication and American social thought. Keys texts, 1919-1968. Lanhan, Boulder, Nova Iorque, Toronto, Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 2004. p. 13-20.
POOLEY, Jefferson. The new history of mass communication research. In: PARK, David. W. e POOLEY, Jefferson (eds.). The history of media and communication research. Contested memories. Nova Iorque: Peter Lang, 2008. p. 43-69.
PONSONBY, Arthur. Falsewood in wartime. Propaganda lies of the First World War. Legion for the Survival of Freedom, 1991.
PROULX, Serge. Les recherches nord-américaines sur la communication: L’institutionnalisation d’un champ d’étude. L’Année Sociologique, v. 51, n. 2, p. 467-485, 2001.
RIBEIRO, Aquilino. É a Guerra. Lisboa: Bertrand Editores, 2014.
RÜDIGER, Francisco. As relações públicas e o debate sobre a propaganda no período entre-guerras. Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 37, n. 1, p. 45-70, Jan./Jun. 2014.
RUSSIL, Chris. Through a public darkly: Reconstructing pragmatist perspectives in communication theory. Communication Theory, n. 18, p. 478-504, 2008.
SAPERAS, Enric. La sociología de la comunicación de masas en los Estados Unidos. Una introducción crítica. Barcelona: PPU, 1992.
SCHUDSON, Michael. The ‘Lippmann – Dewey debate’ and the invention of Walter Lippmann as an anti-democrat 1985-1996. International Journal of communication, n. 2, p. 1031-1042, 2008.
SIERRA CABALLARO, Francisco. Elementos de teoría de la información. Sevilha: Editorial MAD, 1999.
SILVA, Filipe C. Virtude e democracia. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2004.
SPROULE, J. Michael. Propaganda and democracy. The American experience of media and mass persuasion. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
______. Progressive propaganda critics and the magic bullet myth. Critical Studies in Mass Communication, v. 5, p. 225-246, 1989.
______. Propaganda studies in American social science: the rise and fall of critical paradigm. Quarterly Journal of Speech, v. 73, n. 1, p. 60-87, 1987.
SUBTIL, Filipa. A abordagem cultural da comunicação de James W. Carey. Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 37, n. 1, p. 19-44, Jan./Jun. 2014.
______. A comunicação entre a utopia e a tecnocracia: para uma fundamentação teórica das tecnologias da informação. Análise Social, v. XLI (181), p. 1075-1093, 2006.
SUBTIL, Filipa. e GARCIA, José. L. Communication: An inheritance of the Chicago school of social thought. In: HARDT, Christopher. (ed.). The legacy of Chicago school of sociology. Manchester: Midrash Publishing, 2010, p. 216-243.
TARDE, Gabriel. A opinião e a multidão. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1991.
TCHAKHOTINE, Serge. El secreto del éxito de Hitler: La violencia psiquica. In: MORÁGAS Spá, Miguel de (ed.). Sociologia da comunicación de masas: III. Propaganda política y opinión pública. Barcelona: Gustavo Gili, 1985, p. 154-191.
TÖNNIES, Ferdinand. Opinião pública. In: MAROCCO, Beatriz. e BERGER, Christa (org.). A era glacial do jornalismo. Teorias sociais da imprensa. vol. I. Porto Alegre: Editora Sulina, 2006, p. 83-93.
______. Opinião pública e ‘a’ opinião pública. In: MAROCCO, Beatriz e BERGER, Christa (org). A era glacial do jornalismo. Teorias sociais da Imprensa, v. I. Porto Alegre: Editora Sulina, 2006, p. 94-154.
TORREGOSA, Marta; SERRANO-PUCHE, Javier e ALGARRA, Manuel M. Comunicación como integración. Ideas para una teoría comunicativa de lo social. In: McCOMBS, Maxwell e ALGARRA, Manuel M. (eds.). Communication and social life. Studies in honor of Professor Esteban López-Escobar. Pamplona: Eunsa, 2012. p. 321-337.
VARÃO, Rafiza. A propaganda como arma política: a influência de Charles Merriam na obra de Harold Lasswell. Esferas, ano 2, n. 3, p. 29-37, Jul.-Dez. 2013.
______. Harold Lasswell e o campo da comunicação. Tese de Doutoramento em Comunicação, Brasilia: Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasilia, 2012.
WEBER, Max. Sociologia da imprensa: um programa de pesquisa. In: MAROCCO, Beatriz e BERGER, Christa (org.). A era glacial do jornalismo. Teorias sociais da imprensa. v. 1. Porto Alegre: Editora Sulina, 2006. p. 34-44.
WINNER, L. Propaganda and dissociation from truth. In: JERÓNIMO, Helena M., GARCIA, José L. e MITCHAM, Carl. Jacques Ellul and the technological society in the 21st century. Dordrecht: Springer, 2013. p. 99-113.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Derechos de Autor
La sumisión de originales para la Revista Famecos implica la transferencia, por los autores, de los derechos de publicación. El copyright de los artículos de esta revista es el autor, junto con los derechos de la revista a la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos resultados en otras publicaciones indicando claramente a Revista Famecos como el medio de la publicación original.
Creative Commons License
Excepto donde especificado de modo diferente, se aplican a la materia publicada en este periódico los términos de una licencia Creative Commons Atribución 4.0 Internacional, que permite el uso irrestricto, la distribución y la reproducción en cualquier medio siempre y cuando la publicación original sea correctamente citada.