As Guerras Mundiais e as mutações na teoria social da comunicação e dos media
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2015.3.19571Palavras-chave:
Guerras Mundiais, teoria social dos media, propagandaResumo
Se a guerra é a continuação da política por outros meios, então certamente que nela a comunicação, em sentido lato, esteve sempre presente e desempenhou um papel central. As guerras não implicam apenas a violência, mas também a persuasão, a contra-informação, o convencimento e o combate ideológico. Nas guerras modernas, os media têm sido um elemento fundamental para mobilizar nações moldadas por dinâmicas de desenraizamento e desterritorialização com vista a um esforço conjunto de apoio popular à acção bélica do Estado.
Este artigo incide nas transformações que a própria teoria e investigação em comunicação e media sofreram no período entre as duas Guerras Mundiais do século XX. Trata-se de um contexto histórico decisivo para compreender como a institucionalização do campo da comunicação num país central como os EUA ocorreu em condições sociais e políticas que contribuíram para o seu perfil epistemológico, posições teóricas e para a configuração do poder no próprio sistema científico universitário, cujas repercussões continuam a fazer-se sentir de diversas e complexas formas.
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