É que Narciso acha feio o que não é espelho: autorreferencialidade e identidade do jornal

Autores

  • Bruno Souza Leal Universidade Federal de Minas Gerais
  • Carlos Alberto Carvalho Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-3729.2014.1.15045

Palavras-chave:

Jornalismo, Autorreferencialidade, Autenticação

Resumo

A cobertura que a Folha de S.Paulo fez da Parada Gay de São Paulo 2012, em edições entre os dias 9 e 17 de junho, destacou a pesquisa sobre o público total do evento, realizada pelo Instituto Datafolha, empresa do mesmo grupo empresarial que edita o periódico. A mesma estratégia de autorreferir-se tem sido sistemática não somente em relação a outras pesquisas realizadas pelo Datafolha, como também na autopromoção do TV Folha, programa semanal que o jornal veicula na TV Cultura nas noites de domingo, e na divulgação de produtos vendidos com as edições dominicais, a exemplo de livros sobre grandes designers e de escritores ibero-americanos. Mais do que a indicação da “identidade do jornal”, como proposto por Eric Landowski (1992), a estratégia de autorreferencialidade parece indicar novos modos de autenticação e de busca de legitimidade para as narrativas dos acontecimentos noticiados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Souza Leal, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, na Graduação e na Pós-Graduação, onde desenvolve pesquisa sobre narrativas do acontecimento e estéticas jornalísticas na televisão e no impresso. Pesquisador do CNPq e do Programa Pesquisador Mineiro da Fapemig. Email: brunosleal@gmail.com. Doutor em Literatura pela UFMG.

Carlos Alberto Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, na Graduação e na Pós-Graduação, onde desenvolve pesquisas sobre as relações entre Jornalismo, HIV/Aids e homofobia, com financiamento do CNPq. Email: caco5@uol.com.br. Doutor em Comunicação pela UFMG.

Referências

BORILLO, Daniel. Homofobia. Barcelona: Belaterra, 2001.

CASTRO, Maria Lília Dias. A fala autorreferencial na televisão brasileira: estratégias e formatos. Revista Comunicación, ano 2012, v. 1, n. 10, p. 78-93.

CARVALHO, Carlos Alberto de. Jornalismo, homofobia e relações de gênero. Curitiba: Appris, 2012.

LANDOWSKI, Eric. A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo: Educ/Pontes, 1992.

LEAL, Bruno; ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo. De quem é a agenda? In: BENETTI, Márcia; FONSECA, Virgínia. (Org.). Jornalismo e acontecimento: mapeamentos críticos. Florianópolis: Insular, v. 1, 2010, p. 221-240.

LEAL, Bruno Souza, CARVALHO, Carlos Alberto de. Sobre jornalismo e homofobia ou: pensa que é fácil falar? E-Compós, Brasília, v. 12, p. 1-16, 2009.

LEAL, Bruno Souza; CARVALHO, Carlos Alberto. Jornalismo e homofobia no Brasil: mapeamentos e reflexões. São Paulo: Intermeios, 2012.

MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sérgio Dayrell (Org.). O jornal da forma ao sentido. Brasília: Paralelo 15, 1997.

ROZIK, Eli; NOTH, Winfried; BISHARA, Nina (Org.). Self-reference in the media. Berlin; New York: Mouton de Gruyter, 2007.

PONTE, Cristina. Para entender as notícias – linhas de análise do discurso. Florianópolis: Insular, 2005.

SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Mil dias – os bastidores da revolução em um grande jornal. São Paulo: Trajetória Cultural, 1988.

TASCHNER, Gisela. Folhas ao vento: análise de um conglomerado jornalístico no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Florianópolis: Insular, v. I: Por que as notícias são como são, 2005.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Editorial Presença, 1994.

Textos componentes do corpus:

CASTRO, Cristina Moreno de; SPINELLI, Evandro. Parada Gay reúne 270 mil, afirma Datafolha. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 jun. 2012. Cotidiano, p. C1.

______. "Só falta nos verem como cidadãos", diz organizador. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 jun. 2012. Cotidiano, p. C3.

______. Parada Gay atrai "turistas profissionais". Folha de São Paulo, São Paulo, 10 jun. 2012. Cotidiano, p. C3.

CASTRO, Cristina Moreno de; SPINELLI, Evandro. "Se não foi mai, ficou em 4 milhões", diz organizador. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 jun. 2012. Cotidiano, p. C3.

FOLHA DE SÃO PAULO. "Método usado é o mais confiável", afirma Datafolha. São Paulo, 12 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

FOLHA DE SÃO PAULO. 40% do público é de fora da cidade de SP. São Paulo, 11 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

______. Associação apoia fim do ‘chutômetro’ na Parada Gay. São Paulo, 12 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

______. Cálculo de Multidão. São Paulo, 14 jun. 2012. Cotidiano, p. C8.

______. Como a pesquisa foi feita. São Paulo, 14 jun. 2012. Cotidiano, p. C8.

______. Como a pesquisa foi feita. São Paulo, 12 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

______. Estimativa de público da Parada Gay. São Paulo, 12 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

______. Instituto afirma que mediu o evento inteiro. São Paulo, 14 jun. 2012. Cotidiano, p. C8.

______. Nem chuva afasta da 25 de março público que vai à Parada Gay. São Paulo, 9 jun. 2012. Cotidiano, p. C5.

______. O método desenvolvido pelo Datafolha para a marcha. São Paulo, 12 jun. 2012. Cotidiano, p. C4.

______. Parada Gay questiona pesquisa Datafolha. São Paulo, 14 jun. 2012. Cotidiano, p. C8.

______. Política, Parada Gay pede lei anti-homofobia. São Paulo, 11 jun. 2012. Cotidiano, p. C3.

LIMA, Daniela. Sem Serra; Haddad, Marta reina na Parada Gay em SP. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 jun. 2012. Poder, p. A6.

SINGER, Suzana. Será que a Folha é? Folha de São Paulo, São Paulo, 17 jun. 2012. Poder, p. A10.

WANDERLEY, Fábia R. de Britto. Parada Gay. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 jun. 2012. Opinião, p. A3.

Downloads

Publicado

2014-06-02

Como Citar

Souza Leal, B., & Alberto Carvalho, C. (2014). É que Narciso acha feio o que não é espelho: autorreferencialidade e identidade do jornal. Revista FAMECOS, 21(1), 148–164. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2014.1.15045

Edição

Seção

Jornalismo