Secularismo, religião e o problema da emancipação humana em Marx

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2021.1.39810

Palavras-chave:

Marx, Secularismo, Religião, Emancipação humana

Resumo

O artigo objetiva investigar a relação entre secularismo e religião na sociedade burguesa à luz do problema da emancipação humana, a partir de escritos do jovem Marx, como, por exemplo, Sobre a Questão Judaica, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Introdução, entre outros, que dizem respeito ao momento inicial de seu pensamento crítico; além de A Ideologia Alemã, obra posterior em que Marx retoma algumas das discussões iniciadas naquele período. A novidade trazida por Marx para o debate tradicional entre secularismo versus religião é que tudo isso só pode ser pensado a partir da emancipação humana, e não apenas da emancipação política. A sobrevivência da religião na modernidade não significa um desvio da secularização na história moderna, uma traição à Filosofia das Luzes ou mesmo um antagonismo em relação à emancipação política. Ao contrário, ela é consequência de uma secularização que não enfrentou as contradições de uma sociedade capitalista. Por um lado, Marx considerava a religião o “ópio do povo”, e que toda crítica teria como modelo a crítica à religião. Por outro, entretanto, a religião não deixava de ser, ao mesmo tempo, um grito de revolta contra uma sociedade excludente e a miséria de um mundo. A hipótese, portanto, a ser investigada neste artigo é que a análise da religião, em Marx, não se reduz meramente a um anticlericalismo de sua época, uma vez que tem como horizonte a emancipação humana, e não apenas política. Não se trata, em Marx, de um simples combate entre as luzes e as trevas no plano das consciências, e, sim, acima de tudo, de uma crítica às contradições da sociedade burguesa. Marx não possui de forma sistematizada uma teoria crítica da religião. Deste modo, sistematizaremos determinadas discussões que Marx apresentou ao longo de seus escritos, objetivando investigar a problemática proposta neste artigo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliano Cordeiro da Costa Oliveira, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI, Brasil.

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, CE, Brasil, com doutorado sanduíche pela Ludwig Maximilian-Universität (LMU), em Munique, Alemanha. Pós-doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, PI, Brasil.

Mayra Carneiro de Carvalho, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Graduada em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), em Fortaleza, CE, Brasil.

Referências

ALTHUSSER, L. Política e História: de Maquiavel a Marx. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BENSAÏD, D. Apresentação. In: MARX, K. Sobre a Questão Judaica. São Paulo: Boitempo, 2010. p. 9-29. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-90742010000100001

ENDERLE, R. Apresentação. In: MARX, K. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 17-32.

FAUSTO, R. Outro Dia: intervenções, entrevistas, outros tempos. São Paulo: Perspectiva, 2009.

FEUERBACH, L. A Essência do Cristianismo. Campinas: Papirus, 1988.

FEUERBACH, L. Princípios da Filosofia do Futuro e Outros Escritos. Lisboa: Edições 70, 2002.

FLICKINGER, H. A Filosofia Política na Sombra da Secularização. São Leopoldo: UNISINOS, 2016.

GAUCHET, M. Le dédenchantement du monde: une historie politique de la religion. Paris: Gallimard, 1985.

GAUCHET, M. La religion dans la démocratie: parcours de la laïcité. Paris: Gallimard, 1998.

HABERMAS, J. O Discurso Filosófico da Modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

LÖWITH, K. De Hegel a Nietzsche: a ruptura revolucionária no pensamento do século XIX: Marx e Kierkegaard. São Paulo: Unesp, 2014.

LÖWY, M. Marxismo e Teologia da Libertação. São Paulo: Cortez Editora, 1991.

MARX, K. Para a crítica da Economia Política. In: MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos (Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 107-131.

MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007a.

MARX, K. Ad Feuerbach. In: MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007b. p. 533-535.

MARX, K. Sobre a Questão Judaica. São Paulo: Boitempo, 2010.

MARX, K. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Introdução. In: MARX, K. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 151-163.

OLIVEIRA, R. Da crítica da religião à crítica da política em Marx: sobre a necessidade de pensar a emancipação para além da política democrático-burguesa. Revista Helius, Sobral, v. 2, n. 1, p. 65-87, jan./jun. 2019.

PINTO, M. M. “A Questão Judaica” e a crítica de Marx à ideologia dos direitos do homem e do cidadão. Controvérsia, São Leopoldo, v. 2, n. 1, p. 10-16, jan./jun. 2006. Disponível em: http://revista.unisinos.br/index.php/controversia/article/view/7087. Acesso em: 20 dez. 2020.

TAYLOR, C. As Fontes do Self: a constituição da identidade moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

TOCQUEVILLE, A. A Democracia na América (livro II): sentimentos e opiniões: de uma profusão de sentimentos e opiniões que o estado social democrático fez nascer entre os americanos. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

THOMPSON, J. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

VAZ, L. Antropologia Filosófica I. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

Downloads

Publicado

2021-09-16

Como Citar

Oliveira, J. C. da C., & de Carvalho, M. C. (2021). Secularismo, religião e o problema da emancipação humana em Marx. Veritas (Porto Alegre), 66(1), e39810. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2021.1.39810

Edição

Seção

Varia