Associação dos polimorfismos rs53576 e rs2254298 do gene receptor da ocitocina com depressão: uma revisão sistemática

Autores

  • Camila Bittencourt Jacondino Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
  • Cristiane Alves Borges 2Acadêmica de Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Maria Gabriela Gottlieb Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2014.4.18173

Palavras-chave:

RECEPTORES DA OCITOCINA, OXTR, POLIMORFISMO GENÉTICO, OCITOCINA, DEPRESSÃO.

Resumo

OBJETIVOS: Embora a etiologia da depressão seja reconhecidamente multifatorial, estudos têm sugerido que esteja associada a uma mutação no gene receptor da ocitocina (OXTR). O objetivo deste estudo foi verificar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, a ocorrência de associação dos OXTR rs53576 e rs2254298 com depressão e sintomas ou temperamento depressivo. MÉTODOS: A pesquisa foi realizada nas bases Lilacs, PubMed, SciELO, Web of Science, Scopus e Embase, abrangendo o período de 2004 a 2014, nos idiomas inglês e português, com o descritor gene receptor da ocitocina/oxytocin receptor gene, adicionado aos descritores depressão/depression, temperamento depressivo/depressive temperament ou distúrbios do humor/mood disorder. Foram utilizados os seguintes critérios para a inclusão dos artigos: estudos originais com conteúdo disponível na íntegra em idioma inglês ou português; somente estudos com seres humanos com diagnóstico clínico de depressão, ou rastreamento de sintomas e temperamento depressivos; estudos com as variantes rs53576 ou rs225298 do gene OXTR; e a investigação de associação entre os polimorfismos OXTR e depressão e/ou sintomas ou temperamento depressivo. RESULTADOS: Foram capturados inicialmente 126 artigos, entretanto apenas oito estudos preencheram os critérios de inclusão. Dos oito artigos incluídos, seis estudos encontraram associação significativa entre as variantes OXTR rs53576 e rs2254298 com depressão, temperamento e sintomas depressivos, enquanto dois estudos não encontraram associação. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que os OXTR rs53576 e rs2254298 estão associados a sintomas, temperamento depressivo e depressão. Contudo, é importante levar em consideração que esses polimorfismos não atuam de forma determinística, ou seja, são influenciados ou modulados por condições ambientais, que podem envolver fatores biopsicossociais, afetivos, étnicos e de gênero.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Camila Bittencourt Jacondino, Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Enfermeira. Doutoranda em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,

Maria Gabriela Gottlieb, Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Pesquisadora e professora do Programa de Pós Graduação em Gerontologia Biomédica no Instituto de Geriatria e Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul pelo Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD).

Referências

DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Tratamento de Transtornos Mentais (2002). Porto Alegre: Artes Médicas; 2002.

Word Health Association. The ICD-10 Classification of Mental and Behavioral Disorders. Clinical descriptions and diagnostic guidelines. Geneva: World Health Organization; 2012.

Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 2013. [Internet] Brasília; 2013 [update 2014 dec, cited 2013 Jun 08]. Available at http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013/default.shtm

Bottino CM, Pádua AC, Smid J, Areza-Fegyveres R, Novaretti T, Bahia VS, et al. Differential diagnosis between dementia and psychiatric disorders: Diagnostic criteria and supplementary exams. Recommendations of the Scientific Department of Cognitive Neurology and Aging of the Brazilian Academy of Neurology. Dement Neuropsychol. 2011;5(4):288-96.

Sadock VA, Sadock BJ. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed; 2007.

Agid O, Shapira B, Zislin J, Ritsner M, Hanin B, Murad H, et al. Environmental and vulnerability to major psychiatric illness: a case control study of early parent loss in major depression, bipolar disorder and schizophrenia. Mol Psychiatry.1999;4(1):163-72.

Hamet P, Tremblay J. Genetics and genomics of depression. Metabolism. 2005;54(Suppl 1):10-15.

Levinson DF. The genetics of depression: a review. Biol Psychiatry. 2006;60:84-92.

Francis SM, Sagar A, Levin-Decanini T, Liu W, Carter CS, Jacob S. Oxytocin and vasopressin systems in genetic syndromes and neurodevelopmental disorders. Brain Res. 2014;14:74-2.

Ross HE. Young LJ. Oxytocin and the neural mechanisms regulating social cognition and affiliative behavior.; Front Neuroendocrinol. 2009;30(4):534-47.

Tost H, Kolachana B, Verchinski BA, Bilek E, Goldman AL. Neurogenetic effects of OXTR rs 2254298 in the exthended limbic system of healthy caucasian adults. Biol Psychiatry. 2011;70(9):37-9.

Lee HJ, Macbeth AH, Pagani JH, Young WS. Oxytocin: The Great facilitator of life. Prog Neurobiol. 2009;88(2):127-51.

Sanchez Toranzo A, Frederica H. Oxitocina-vasopresina: el futuro en tratamentos. Psicofarmacolol. 2012;12(76):9-14.

Parker KJ, Kenna HÁ, Zeitzer JM, Keller J, Blasly CM, Amico JA et al. Preliminary evidence that plasma oxytocin levels are elevated in major depression. Psychiatry Res. 2010;178(2):359-62.

Barberis C, Tribollet E. Vasopressin and oxytocin receptors in the central nervous system. Crit Rev Neurobiol. 1996;10(1):119-54.

Gimpl G, Fahrenholz F. The oxytocin receptor system: structure, function, and regulation. Physiol Rev. 2001;81(2):629-83.

Kimura T, Azuma C, Saji F, Takemura M, Tokugawa Y, Miki M, et al. Oxytocin receptor gene. J Steroid Biochem Mol Biol. 1992;42:253-8.

Inoe T, Kimura T, Azuma C, Inazawa J, Takemura M, Kikuchi T, et al. Structural organization of the human oxytocin receptor. J Biol Chem. 1994;23(51):32451-6.

Zingg HH, Laporte SA. The oxytocin receptor. Trends Endocrinol Metab.2013;14(5):222-7.

Meyer L, Tost H. Neural mechanisms of social risk for psychiatric disorders. Nat Neurosci. 2012;15(5):663-8.

Ebstein RP, Israel S, Chew SH, Zhong S, Knafo A. Genetics of human social behavior. Neuron. 2010;65(6):831-44.

Chelala C, Khan A, Lemoine NR. SNPnexus: A web database for functional annotation of newly discovered and public domain Single Nucleotide Polymorphisms. Bioinformatics. 2009;25(5):655-66.

Michelini S, Urbanek M, Dean M, Goldman D. Polymorphism and genetic mapping of the human oxytocin receptor gene on chromosome 3. Am J Med Genet. 1995;60(3):183-7.

Brune M. Does the oxytocin receptor polymorphism (rs2254298) confer 'vulnerability' for psychopathology or 'differential susceptibility'? Insights from evolution. BMC Med. 2012;10:38.

Saphire BS, Way BM, Kim HS, Sherman DK, Taylor SE. Oxytocin receptor gene (OXTR) is related to psychological resources. Proc Natl Acad Sci USA. 2011;108(37):15118-22.

Rodrigues SM, Saslow LR, Garcia N, John OP, Keltner D. Oxytocin receptor genetic variation relates to empathy and stress reactivity in humans. Proc Natl Acad Sci USA. 2009;106(50):21437-41.

Chen FS, Kumsta R, Von Dawans B, Dawans BV, Ebstein RP, Heinrichs M. Common oxytocin receptor gene OXTR polymorphism and social support interact to reduce stress in humans. Proc Natl Acad Sci USA. 2011;108(50):19937-42.

Wang J, Qin W, Liu B, Zhou Y, Wang D, Jiang T, et al. Neural mechanisms of oxytocin receptor gene mediating anxiety related temperament. Brain Struct Funct. 2014;219(5):1543-54.

Liberatti A, Altman DG, Tetzlaff J, Mulrow C, Gotzsche PC, Ioannidis JP. The Prisma statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluated health care interventions: explanation and elaboration. PloS Med. 2009;62(10):1-34.

Costa B, Pini S, Gabelloni P, Abelli M, Lari L, Cardini A, et al. Oxytocin receptor polymorphisms and adult attachment style in patients with depression. Psychoneuroendocrinol. 2009;34(10):1506-14.

Kawamura Y, Liu X, Akiyama T, Shimada T, Otowa T, Sakai Y, et al. The association between oxytocin receptor gene (OXTR) polymorphisms and affective temperaments, as measured by TEMPS-A. J Affect Disord. 2010;127:31-7.

Thompson RJ, Parker KJ, Hallmayer JF, Waugh CE, Gotlib IH. Oxytocin receptor gene polymorphism (rs2254298) interacts with familial risk for psychopathology to predict symptoms of depression and anxiety in adolescent girls. Psychoneuroendocrinol.2010;36(1):144-7.

Mendlewics J, Crisafulli C, Calati R, Kocabas NA, Massat I, Linotte S, et al. Influence of COX-2 and OXTR polymorphism on treatment outcome in treatment resistant depression. Neurosci Lett. 2012;516(1):85-8.

Mc Quaid RJ, Mclnnis AO, Stead JD, Matheson K. A paradoxical association of an oxytocin receptor gene polymorphism: early-life adversity and vulnerability to depression. Front Neurosci. 2013;7(128):1-7.

Thompson SM, Hammen C, Starr LR, Najman JM. Oxytocin receptor gene polymorphism (rs53576) moderates intergenerational transmission of depression. Psychoneuroendocrinology. 2014;43:11-9.

Orth U, Robins RW, Trzesniewski KH, Maes J, Schmitt M. Low self-esteem is a risk factor for depressive symptoms from young adulthood to old age. J Abnorm Psychol. 2009;118:472-8.

Bradley B, Davis TA, Wingo AP, Mercer KB, Ressler KJ. Family environment and adult resilience: contributions of positive parenting and the oxytocin receptor gene. European J of Psychotraumatology. 2013;4:21659.

Belsky J, Beaver KM. Cumulative-genetic plasticity, parenting and adolescent self-regulation. J Child Psychol Psychiat. 2011;52(5):619-26.

Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Domingues MAC. Rede de suporte social do idoso atendido por equipes de saúde da família. Cienc Saúde Coletiva. 2011;16(5):2603-11.

Blaicher W, Gruber D, Bieglmayer C, Blaicher AM. The role of oxytocin in relation to female sexual arousal. Gynecol Obstet Invest. 1999;47(2):125-6.

Anselmi L, Barros F, Minten GC, Gigante DP, Horta BL, Victoria CG. Prevalência e determinantes precoce dos transtornos mentais comuns na coorte de nascimentos de 1982, Pelotas, RS. Rev Saúde Pública. 2008;42(Supl.2):26-33.

Riem MM, Pieper S, Out D, Bakermans KMJ, Van Ljzendoorns MH. Social cognitive and affective. Neuroscience. 2011;6(3):294-300.

Mendes AV, Loureiro SR, Crippa JÁ. Depressão materna e a saúde mental de escolares. Rev Psiq Clín. 2008;35(5):178-86.

Ferreira, AA. Temperamentos afetivos: aspectos genéticos familiaridade e aplicação na clínica dos transtornos de humor. [thesis] [Belo Horizonte]: Universidade Federal de Minas Gerais; 2013. 99p.

Lara DR, Akiskal HS. Toward an integrative model of the spectrum of mood, behavioral and personality disorders based on fear and anger traits: II. Implications for neurobiology, genetics and psychopharmacological treatment. J Affect Disord. 2006;94(3):89-103.

Cahill L, Babinsky R, Markowitsch HJ, McGaugh JL. The Amygdala and Emotional Memory.Nature. 1995;377(6547):295-6.

Hamilton J, Siemer M, Gotlib I. Amygdala volume in major depression disorder: a meta-analysis of magnetic resonance imaging studies. Mol Psychiatry. 2008;13(11):993-1000.

Furman DJ, Chen MC, Gotlib ICH. Variant in oxytocin receptor gene is associated with amygdala volume. Psychoneuroendocrinol. 2011;36(6):891-7.

Inoue H, Yamasue H, Tochigi M, Abe O, Liu X, Takei K, et al. Association between the oxytocin receptor gene and amygdalar volume in healthy adults. Biol Psychiatry. 2010;68(11):1066-72.

Downloads

Publicado

2014-12-27

Como Citar

Bittencourt Jacondino, C., Alves Borges, C., & Gottlieb, M. G. (2014). Associação dos polimorfismos rs53576 e rs2254298 do gene receptor da ocitocina com depressão: uma revisão sistemática. Scientia Medica, 24(4), 411–419. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2014.4.18173

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)