“LER PELO NÃO”

Paulo Leminski como um leitor de poetas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2021.1.37759

Palavras-chave:

Paulo Leminski, Leitura, Poetas, Tradição

Resumo

Paulo Leminski fundou sua dicção poética a partir da leitura que realizou de outros poetas, elegendo, assim, a própria tradição. É possível encontrar em sua obra as diversas vozes que influenciaram sua expressão. Esse exercício de leitura não está presente apenas na poesia de Leminski, mas também nos ensaios, nos quais lê e analisa, de forma crítica, as obras e também a prática inventiva de alguns escritores. Para tanto, organizou um livro que reúne apenas ensaios dedicados a alguns autores, intitulado Anseios crípticos 2. Contudo, vale ressaltar que a relação com a tradição que escolheu para si, em especial a concretista, nem sempre é pacífica, mas assinalada por uma tensão, uma vez que essa leitura, por vezes, é realizada pelo viés do “não”. Isso ocorre porque, apesar de admirar seus predecessores, Leminski não desejou seguir o curso delineado por eles, posto que almejou instituir o próprio estilo. Para isso, buscou, nessa tradição, convalidar seus próprios valores e, assim, conquistar o seu lugar perante o cânone poético que escolheu para si. A partir de tais argumentos, este trabalho visa analisar o modo como Leminski leu os seus pares, observando, sobretudo, a tensão presente nesse diálogo, a exemplo do que ocorre com o Concretismo. Desse modo, procederemos com a análise de poemas, ensaios críticos e cartas que versam sobre poetas e tradições com as quais Leminski dialogou.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Érica Reis da Silva Kühn, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Barreiras, BA, Brasil

Doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG), GO, Brasil; integra dois grupos de pesquisa do CNPq: Núcleo Goiano de Estudos Linguísticos e Literários - NUGELL, e Literatura, ensino e suas interfaces; professora na Universidade do Estado da Bahia, em Barreiras, BA, Brasil

Referências

CAMPOS, Haroldo de. Da tradução como criação e como crítica. In: CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 1992. p. 31-48.

BLOOM. Harold. A angústia da influência: uma teoria da poesia. Tradução de. Marcos Santarrita. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

BONVICINO, Régis. Introdução à primeira edição. In: LEMINSKI, Paulo. Envie meu dicionário: cartas e alguma crítica. São Paulo: Editora 34, 1999. p. 17-26.

DAMAZIO, Reynaldo. Aquela língua sem fim: Leminski tradutor. In: DICK, André; CALIXTO, Fabiano (org.). A linha que nunca termina: pensando Paulo Leminski. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004. p. 313-321.

DANTAS, Vinícius. A nova poesia brasileira e a poesia. Novos estudos CEBRAP, v. 3, p. 40-53, 1986.

DANTAS, Vinícius; SIMON, Iumna Maria. Um poema de Carlito Azevedo em seus problemas. Novos estudos CEBRAP, v. 30, n. 3, p. 109-120, 2011.

ELIOT, T. S. Ensaios. Tradução de Ivan Junqueira. São Paulo: Art Editora, 1989.

LEMINSKI, Paulo. Anseios crípticos 2. Curitiba: Criar edições, 2001.

LEMINSKI, Paulo. Envie meu dicionário: cartas e alguma crítica. São Paulo: Editora 34, 1999.

LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios crípticos. Curitiba: Pólo editorial do Paraná, 1997.

LEMINSKI, Paulo. La vie en close. São Paulo: Brasiliense, 1991.

LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 1987.

LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983.

MACIEL, Maria Esther. Nos ritmos da matéria: notas sobre as hibridações poéticas de Paulo Leminski. In: DICK, André; CALIXTO, Fabiano (org.). A linha que nunca termina: pensando Paulo Leminski. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004. p. 171-179.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Leminski, o samurai-malandro. In: PERRONE-MOISÉS, Leyla. Inútil poesia. São Paulo: Companhia das letras, 2000. p. 234-240.

REBUZZI, Solange. Leminski, guerreiro da linguagem: uma leitura das cartas-poemas de Paulo Leminski. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.

Downloads

Publicado

2021-05-05

Como Citar

Reis da Silva Kühn, A. Érica. (2021). “LER PELO NÃO”: Paulo Leminski como um leitor de poetas. Letrônica, 14(1), e37759. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2021.1.37759