Tecnologias Digitais Móveis e o ensino de Língua Portuguesa para estrangeiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7726.2020.4.38183

Palavras-chave:

aprendizagem de línguas por computador (CALL), aplicativos móveis, Português como segunda língua

Resumo

A multiplicidade de recursos oferecidos pela internet, ampliando os serviços móveis, fez surgir a modalidade de ensino mobile learning. Por meio dessa estratégia, aplicativos (apps) instalados em aparelhos móveis utilizam tecnologias digitais de informação e comunicação para promover o ensino-aprendizagem de idiomas. A fim de compreender como ocorre esse processo, este estudo analisa três apps voltados ao ensino da língua portuguesa: Duolingo, Babbel e Busuu. Com base nos estudos da gamificação e aprendizagem de línguas por computador, os apps são classificados segundo quatro paradigmas, fundamentados no destaque (i) à teoria de aprendizagem; (ii) às concepções de linguagem; (iii) ao conteúdo abordado, como leitura, produção de textos, vocabulário, tópicos gramaticais, tarefas orais e pronúncia; e (iv) ao emprego de imagens para representar vocabulário e situações diárias. A análise dos dados permitiu compreender que, embora predomine uma estrutura behaviorista, trabalhando a língua de forma fragmentada, como objeto de estudo e não como forma de comunicação e interação social, os três aplicativos apresentam um sistema bem planejado em termos de gamificação. Conclui-se que essas ferramentas não ensinam de fato a língua, mas, usadas como suporte, contribuem para a aprendizagem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Josiane Brunetti Cani, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), Vitória, ES, Brasil

Doutora em Linguística Aplicada, servidora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) e professora da Faculdade Castelo Branco. Líder do grupo de pesquisa “Linguagens e Tecnologias”, do Ifes, e membro do grupo “Texto: semiótica e tecnologia livre”, da UFMG, com interesse em questões relacionadas a linguagens, tecnologias digitais, ensino de Língua Portuguesa e formação de professores.

Referências

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas: Pontes, 1993.

BLAKE, R. J. Brave new digital classroom: technology and foreign language learning. Washington, DC: Georgetown University Press, 2013.

BRASIL. Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira. Documento base do exame Celpe-Bras [recurso eletrônico]. – Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2020. Acesso em: 13 nov. 2020.

CANI, J. B.; SANTIAGO, M. E. V. O papel do quadro comum europeu de referência para idiomas: aprendizagem, ensino e avaliação (QCER) na internacionalização das IES: uma análise sob a perspectiva do Letramento Crítico e dos Multiletramentos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 57, n. 2, p. 1164-1188, 2018. https://doi.org/10.1590/010318138650002297941

CHEON, J.; LEE, S.; CROOKS, S. M.; SONG, J. An investigation of mobile learning readiness in higher education based on the theory of planned behavior. Computers & Education, Amsterdam, v. 59, n. 3, p. 1054-1064, 2012. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360131512000991. Acesso em: 26 ago. 2018. https://doi.org/10.1016/j.compedu.2012.04.015

CONSELHO DA EUROPA. Quadro europeu comum de referência para as línguas: aprendizagem, ensino, avaliação. Porto: Edições Asa, 2001. Disponível em: http://area.dge.mec.pt/gramatica/Quadro_Europeu_total.pdf. Acesso em: 1 jul. 2018.

CORREA, L. M. S. Aquisição da linguagem: uma retrospectiva dos últimos trinta anos. DELTA, São Paulo, v. 15, p. 339-83, 1999.

COSTA, Giselda Santos. Mobile learning e zona de desenvolvimento proximal: transformando o ensino e aprendizagem de línguas através da tecnologia móvel. Polifonia, Cuiabá, v. 25, n. 37.2, p. 206-220, 2018.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

DOUGLAS, D. Assessing languages for specific purposes. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

FIDRMUC, J.; FIDRMUC, J. Foreign languages and trade: evidence from a natural experiment. Empirical Economics, Vienna, n. 50, p. 31-49, 2016. https://doi.org/10.1007/s00181-015-0999-7

GRUBA, P. Computer Assisted Language Learning (CALL). In: DAVIES, A.; ELDER, C. (ed.). The handbook of applied linguistics. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. p. 623-648.

HATCH, E. Second language acquisition. Rowley, MA: Newbury House, 1978.

HEALEY, D.; JOHNSON, N. TESOL CALL Interest Section Software List. Alexandria, VA: TESOL, 1995.

JOHNSON, M. A philosophy of second language acquisition. New Haven: Yale University Press, 2004.

KRASHEN, S. The input hypothesis: issues and implications. New York: Longman, 1985.

LARSEN-FREEMAN, D.; CAMERON, L. Complex systems and applied linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2008.

LEFFA, V. J. Metodologia do ensino de línguas. In: BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. (org.). Tópicos em linguística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988. p. 211-236.

LÉVY, P. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

LONG, M. The role of the linguistic environment in second language acquisition. In: RITCHIE, W.; BHATIA, T. (ed.). Handbook of second language acquisition. San Diego: Academic Press, 1996. p. 413-468.

MARÇAL, J. C. Novas tecnologias da informação e comunicação no contexto da formação continuada à distância. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, p. 267-273, 2000. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/viewFile/129/327.html. Acesso em: 29 ago. 2018.

MITCHELL, R.; MARSDEN, E.; MYLES, F. Second language learning theories. Abingdon: Routledge, 2013.

MOTA, B. C. C. et al. Duolingo: inovação do inglês na escola. Revista do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, Teresina, v. 4, n. 1, p. 142-147, 2016.

MUNDAY, P. The case for using DUOLINGO as part of the language classroom experience. Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, Madrid, v. 19, n. 1, p. 83-101, 2016. https://doi.org/10.5944/ried.19.1.14581

OLIVEIRA, G. M. de. O lugar das línguas: a América do Sul e os mercados linguísticos na Nova Economia. Synergies Brésil, São Paulo, n. 1, p. 21 30, 2010.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. A www e o ensino de Inglês. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 1, n. 1, p. 93-116, 2001. https://doi.org/10.1590/S1984-63982001000100006

PAIVA, V. L. M. de O. Aquisição de segunda língua. São Paulo: Parábola, 2014.

PHILLIPS, M. Logical possibilities and classroom scenarios for the development of CALL. In: BRUMFIT, C.; PHILLIPS, M.; SKEHAN, P. (ed.). Computers in English language teaching. New York: Pergamon, 1985. p. 25-46.

PROTALINSKI, E. Hyperloop’s intro video claims the future is now. Dated Sep, v. 17, p. 5, 2015.

SACCOL A.; SCHLEMMER E.; BARBOSA, J. M-learning e u-learning: novas perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson, 2011.

SCARAMUCCI, M. V. R. O projeto Celpe-Bras no âmbito do Mercosul: contribuições para uma definição de proficiência comunicativa. In: ALMEIDA FILHO, J. C. P. (org.). Português para estrangeiros: interface com o espanhol. Campinas: Pontes, 1995. p. 77-90.

SHARMA, S. K.; KITCHENS, F. L.; BOOKER, Q. E.; XU, H. Web services model for mobile, distance and distributed learning using service-oriented architecture. International Journal of Mobile Communications, Geneva, v. 4, n. 2, p. 178-192, 2006. https://doi.org/10.1504/IJMC.2006.008608

STERN, H. H. Linguistic theory and language teaching: emergence of a relationship. In: STERN, H. Fundamental concepts of language teaching. Oxford: Oxford University Press, 1987. p. 152-187.

SCHUMANN, John H. O relacionamento de pidginização, criação e descreolização para a segunda aquisição de língua 1. Aprendizagem de línguas, v. 28, n. 2, p. 367-379, 1978.

TRAXLER, J. Defining, discussing and evaluating mobile learning: the moving finger writes and having writ… The International Review of Research in Open and Distance Learning, Athabasca, v. 8, n. 2, 2007. Disponível em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/346. Acesso em: 22 ago. 2018. https://doi.org/10.19173/irrodl.v8i2.346

TRAXLER, J.; KUKULSKA-HULME, A. (ed.). Mobile learning: a handbook for educators and trainers. London: Routledge, 2005.

UNESCO. Diretrizes de políticas para a aprendizagem móvel. Brasília, DF: Organização das Nações Unidas para a Educação, 2013. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002277/227770por.pdf. Acesso em: 27 ago. 2018.

WANG, Y-S.; WU, M.-C.; WANG, H.-Y. Investigating the determinants and age and gender differences in the acceptance of mobile learning. British Journal of Educational Technology, Hoboken, v. 40, n. 1, p. 92-118, 2009. https://doi.org/10.1111/j.1467-8535.2007.00809.x

WARSCHAUER, M. Computer assisted language learning: an introduction. In: FOTOS, S. (ed.). Multimedia language teaching. Tokyo: Logos International, 1996. p. 3-20.

WARSCHAUER, M.; HEALEY, D. Computers and language learning: an overview. Language Teaching, Cambridge, v. 31, n. 2, p. 57-71, 1998. https://doi.org/10.1017/S0261444800012970

WEIGLE, S. C. Assessing writing. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Como Citar

Cani, J. B. (2020). Tecnologias Digitais Móveis e o ensino de Língua Portuguesa para estrangeiros. Letras De Hoje, 55(4), e38183. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2020.4.38183

Edição

Seção

Dossiê: O ensino de Português como Língua Adicional (PLA)