Bruxas nos currículos

ofensiva antigênero nos currículos da educação brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2023.1.43604

Palavras-chave:

história das mulheres, bruxas, currículos, Escola sem Partido, ideologia de gênero

Resumo

O presente artigo avalia os efeitos do discurso reacionário e da ofensiva antigênero na educação básica, em especial nos currículos escolares. Para tanto, analisamos o material divulgado no site da organização Escola sem Partido. Argumentamos que os currículos da Educação Básica estão sob disputa em um contexto de ascensão de propostas reacionárias. Tenta-se eliminar dos currículos os conteúdos relativos à história das mulheres, bem como a discussão sobre as questões de gênero. Configura-se, assim, um processo de caça às bruxas contemporâneas: as professoras.

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Biografia do Autor

Carolina Giovannetti, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, MG, Brasil. Doutoranda em Educação pela pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, MG, Brasil. Graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), em Belo Horizonte, MG, Brasil.

Shirlei Rezende Sales, Federal University of Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brazil

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, MG, Brasil; com pós-doutorado University of Illinois at Urbana-Champaign, USA; mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, MG, Brasil. Professora Associada Faculdade de Educação (FaE/UFMG), em Belo Horizonte, MG, Brasil.

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Publicado

2023-11-27

Como Citar

Giovannetti, C., & Rezende Sales, S. (2023). Bruxas nos currículos: ofensiva antigênero nos currículos da educação brasileira. Educação, 46(1), e43604. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2023.1.43604

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