A linguagem da bula: um estudo de estruturas linguísticas do gênero
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2015.2.20401Palavras-chave:
Construções de Passiva, Gênero Textual Bula, Funcionalismo Linguístico.Resumo
Este artigo apresenta um estudo de construções de passiva presentes em bulas de medicamentos elaboradas no Brasil, considerando a complexidade sintática, semântica e pragmática da língua portuguesa em uso, especialmente os esforços de seus produtores para atenderem às novas exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), regulamentação normatizada no ano de 2009, que demanda, dentre outros aspectos, o uso de uma linguagem maisclara e objetiva, visando garantir aos leitores o acesso à informação segura e adequada para uso racional dos medicamentos. O objetivo da pesquisa é analisar a língua em uso no gênero bula, procurando especificamente identificar e discutir: a) as diferentes estruturas linguísticas presentes no texto das bulas selecionadas; b) se e quando são adotadas estratégias de apagamento do agente. Considerouse como pressuposto que, em textos mais formais e não ficcionais, como é o caso do gênero bula, seria mais frequente a utilização de estruturas passivas, com apagamento do agente motivado pela facilidade de recuperação das informações com base no conhecimento pragmático geral das pessoas. Na fundamentação teórica, partiu-se de uma visão histórica, com reflexões sobre a abordagem tradicional, passando-se em seguida pela abordagem formalista da língua, e adotando-se como referencial o Funcionalismo Linguístico de Givón (1984, 1995), Shibatani (1985) e Furtado da Cunha (2000), além de contribuições da Linguística Textual para análise do gênero. O corpus para a pesquisa foi selecionado de textos de bulas coletadas digitalmente do bulário eletrônico disponibilizado para acesso no portal da ANVISA e também de meios físicos, em caixas de medicamentos encontrados em residências ou farmácias. Escolheu-se analisar o texto de bulas dos medicamentos de uso mais corrente no Brasil, tomando como referência aqueles citados no portal da saúde e relacionados para venda em farmácia popular, que foram selecionados, aleatoriamente, dentre os mais conhecidos e comumente encontrados nos lares brasileiros, dando-se prioridade, no presente estudo, às bulas elaboradas para serem lidas por pacientes, ou seja, o público leigo.
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