Maria Firmina dos Reis: intérprete do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.1.35105

Palavras-chave:

Intérprete. Brasil. Escravidão. Mulheres.

Resumo

O presente artigo pretende analisar como a escritora negra maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) ao publicar Úrsula (1859) construiu outra narrativa para se compreender o Brasil e a formação de seu povo. Ao positivar pela primeira vez na literatura brasileira o elemento negro, Maria Firmina constrói outra identidade brasileira, levando em conta os africanos e afrodescendentes em nosso País. Ao fazer tal composição, a autora insere na discussão de nossa formação uma forte crítica à escravidão que fazia parte de seu mundo e ainda faz parte do nosso quando procuramos entender o que é o Brasil. Ao mesmo tempo, essa escritora, por tão longo período esquecida e subalternizada, também usa o romance como uma crítica ao patriarcado e à dominação masculina. Procuramos ao longo do artigo demonstrar como Maria Firmina dos Reis fez isso, ou seja, criou uma nova interpretação do Brasil, mais plural e democrática.

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Biografia do Autor

Regia Agostinho da Silva, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA

Doutora em História na universidade de São Paulo (2013). Possui mestrado em História pela Universidade Federal do Ceará (2002). Atualmente é professora da Universidade Federal do Maranhão. Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras - Mestrado Acadêmico da UFMA/Campus Bacabal. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil Império, atuando principalmente nos seguintes temas: história e literatura, história das mulheres e história e escravidão.

 

Raffaella Andréa Fernandez, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ

Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (CNPq / 2004) pela UNESP de Marília, quando iniciou seus estudos sobre Carolina Maria de Jesus e Esmeralda do Carmo Ortiz, desenvolvendo a monografia intitulada “Em todo e nenhum lugar: vozes da marginalidade”. Em seguida realizou mestrado em Literatura e Vida Social (Capes/ 2006) pela UNESP de Assis com defesa da dissertação intitulada “Carolina Maria de Jesus, uma poética de resíduos”. Em 2010 recebeu o título de Licenciatura em Letras Português/Francês da UNESP de Assis. Desenvolveu pesquisa de doutorado em Teoria e História da Literária (2015) no IEL-UNICAMP, com estágio de doutorado no Institute de Textes et Manuscrits Modernes (ITEM/ CNRS) na École Normale Supérieure de Paris (Capes-PDSE/2013) sobre os aspectos literários, dispersos nos manuscritos inéditos de Carolina Maria de Jesus. Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ (PNPD/Capes) e do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-UFRJ), sob supervisão da Profa. Dra. Heloísa Buarque de Hollanda. É investigadora integrada ao CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2014).

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Publicado

2020-04-08

Como Citar

da Silva, R. A., & Fernandez, R. A. (2020). Maria Firmina dos Reis: intérprete do Brasil. Letrônica, 13(1), e35105. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.1.35105