Atos de comando em sala de aula: imperativo, perífrase, infinitivo e gerúndio em variação
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2017.1.23956Palavras-chave:
Manipulação, Polidez, Futuridade, Modalidade.Resumo
Ato de comando é a função investigada nesta pesquisa. Das possíveis formas de codificação, analisamos quatro em variação: imperativo, perífrase ir + infinitivo, infinitivo e gerúndio, sob o aparato teórico da Sociolinguística variacionista (LABOV, 1972 e 1978) e do Funcionalismo (GIVÓN, 1993; PALMER, 1986; BYBEE; PERKINS; PAGLIUCA, 1994). Foram analisadas trinta horas de gravação em sala de aula, cem minutos de cada um dos dezoito professores considerados na amostra. Os fatores de análise recobrem traços de reforço ou enfraquecimento dos comandos: menção explícita do manipulado; marcas de futuridade e marcas de polidez. Submetidos ao programa Goldvarb, os dados demonstram que o imperativo é estatisticamente influenciado por vocativo ou pela ausência do manipulado e pela ausência de marcas de polidez; a perífrase é condicionada por menção do manipulado via pronomes; o infinitivo e o gerúndio, por sua vez, são motivados pela presença de marcas de polidez. Os resultados, alinhados ao proposto por Givón (1993), comprovam que há dispositivos linguísticos que reforçam ou enfraquecem a força manipulativa do comando.
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