(Semi)formação, BNCC e escolarização

Qual é a base para a educação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/2179-8435.2021.1.33173

Palavras-chave:

BNCC, Escola, Teoria crítica, Formação

Resumo

Este artigo trata do tema (semi)formação, Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e escolarização. É resultado de reflexões e problematizações oriundas da disciplina de Currículo e Escola por mim ministrada junto aos cursos de licenciatura de uma universidade do estado de São Paulo. Tem-se como objetivo geral refletir criticamente sobre as influências que a BNCC traz às políticas de formação docente na atualidade. Além do suporte bibliográfico educacional específico, o artigo ampara-se nas discussões teóricas desenvolvidas por Theodor Adorno em seus textos filosófico-educacionais, discorrendo sobre o conceito de (semi)formação e educação. A análise proposta conclui que a BNCC poderá transformar a estrutura curricular brasileira não pelo caminho da formação cultural (Bildung), mas pelos interesses mercadológicos baseados em aspectos como competitividade, produtividade e empreendedorismo, reduzindo as possibilidades de crítica. Assim, a crítica adorniana à sociedade instrumental emerge como um referencial teórico que contempla a possibilidade de desenvolver em bases diferentes a análise do processo social em que se insere a educação escolar e seus vínculos com a semiformação (Halbbildung).

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Biografia do Autor

Ademir Henrique Manfré, Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Presidente Prudente, SP, Brasil.

Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Presidente Prudente, SP, Brasil. Professor da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), em Presidente Prudente, SP, Brasil.

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Publicado

2021-09-16

Como Citar

Manfré, A. H. (2021). (Semi)formação, BNCC e escolarização: Qual é a base para a educação?. Educação Por Escrito, 12(1), e33173. https://doi.org/10.15448/2179-8435.2021.1.33173

Edição

Seção

Artigos