O negacionismo renovado e o ofício do Historiador
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2020.3.38411Palavras-chave:
Negacionismo, Historiografia, Ofício do historiador, Políticas conservadorasResumo
O intuito de tal artigo é entender a ampliação do conceito “negacionismo” que, nos últimos anos, não ficou restrito à contestação da existência do Holocausto, mas ampliou-se para outras áreas do saber, tanto dentro como fora da História. Diante de tal perspectiva ampla salienta-se a repercussão da narrativa negacionista no campo historiográfico, levantando-se a hipótese que a necessidade de se contrapor a tal discurso levou a um embate epistemológico dentro da disciplina, ainda no final dos anos 1990. A partir daí pretende-se averiguar como a narrativa negacionista ganhou legitimidade nos últimos dez anos por meio das redes sociais e da ascensão de políticas conservadoras, salientando a importância do papel ativo dos historiadores e de seu ofício nesse momento marcado pela necessária tomada de posição frente à disseminação de tais leituras proselitistas acerca do passado.
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