Lições de Erovocá: estratégicas narrativas do ‘eu’ a partir do ‘outro’
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2016.3.24070Palavras-chave:
antropofagia, enodocanibalismo, análise etnohistórica, século XVIIResumo
A década de 1630 foi marcada por um contexto turbulento na história das reduções jesuíticas no Rio da Prata. Desse período consta o registro da prisão de Erovocá, um indígena qualificado na documentação como “antropófago” que chegou à redução de Santa Ana, no Tape, em 1636. De autoria de Joseph Oregio, o registro, parece ter sido produzido enquanto ocorria a prisão e o interrogatório do acusado, e impressiona pela violência dos fatos ali narrados. O objetivo desse texto é evidenciar as potencialidades e precauções aportadas pela análise etnohistórica dos registros documentais que, amparada pela leitura mais acurada das contribuições da antropologia contemporânea, visa compreender as estratégias utilizadas numa narrativa que utiliza o ‘outro’ para evidenciar a eficácia da presença do ‘eu’.
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