Governança em saúde global no contexto das doenças infecciosas emergentes

Autores/as

  • Marcia Grisotti Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.3.23418

Palabras clave:

Saúde global. Doenças infecciosas emergentes. Globalização. Organização Mundial da Saúde

Resumen

Saúde global, enquanto uma categoria política de regulação sanitária internacional, não é nova. Novos são os dispositivos e as configurações políticas transnacionais para administrar as consequências à saúde humana e animal derivadas das interconexões sociopolíticas e ambientais globais. Este artigo analisa como o reposicionamento do papel da Organização Mundial da Saúde – diante dos impactos provocados pelo conceito de doenças infecciosas emergentes (ciência) e pela entrada de novos atores e alianças no núcleo de sua coordenação estratégica (poder), que culminou com a revisão das International Health Regulations (normas) – colocou novos desafios ao regime de segurança em saúde global, diante das ameaças que se difundem além das fronteiras dos Estados-nações. Segurança em saúde global implica uma ruptura em relação aos dispositivos tradicionais, ao acentuar o papel de agências e atores transnacionais, porém o sistema de vigilância (registro e notificação de doenças) é dependente  dos interesses específicos das esferas nacionais (e locais).

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Marcia Grisotti, Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Associada Departamento de Sociologia e Ciência Política/UFSC

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa ECOS- Ecologia Humana e Sociologia da Saúde

Citas

AGINAM, O. International law and communicable diseases. Bulletin of the World Health Organization, v. 80, n. 12, p. 946- 951, 2002.

AVILA-PIRES, F. D. Princípios de ecologia médica. Florianópolis: UFSC, 2000.

BOZORGMEHR, K. Rethinking the ‘global’ in global health: a dialetic approach. Globalization and health, v. 6, n. 19, 2010 <10.1186/1744-8603-6-19>.

BRASIL. Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Novo Sisbov Brasil. Cadeia Produtiva da Carne Bovina. Brasília: Mapa, 2007.

BROWN, T. M.; CUETO, M.; FEE, E. A transição de saúde pública “internacional” para “global” e a Organização Mundial da Saúde. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 13, n. 3, p. 623-647, 2006 <10.1590/S0104-59702006000300005>.

BUNYAVANICH, S.; WALKUP, R. B. US public health leaders shift toward a new paradigm of global health. American Journal of Public Health, v. 91, n. 10, p. 1556- 1558, 2001 <10.2105/AJPH.91.10.1556>.

CASTRO SANTOS, L. A. de. Estado e saúde pública no Brasil (1889-1930). Dados – Revista de Ciências Sociais, v 23, n. 2, p. 237-250, 1985.

CASTRO SANTOS, L. A. de. Poder, ideologias e saúde no Brasil da primeira república: ensaio de sociologia histórica. In: Gilberto Hochman; Diego Armus (orgs.). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004. p. 249-293.

DAVIS, M.; FLOWERS, P. e STEPHENSON, N. We had to do what we thought was right at the time. Sociology of Health & Illness, v. 36, n. 3, p. 369-382, 2014 <10.1111/1467-9566.12056>.

FAO. World Livestock 2013, Changing disease landscapes, Rome, 2013.

FARIA, L.; COSTA, M. C. Cooperação científica internacional: estilos de atuação da Fundação Rockfeller e da Fundação Ford. In: L. A. Castro Santos e L. Faria (orgs.). Saúde & história. São Paulo: Hucitec, 2010. p. 211-241.

FARMER, P. Social inequalities and emerging infectious diseases. Emerging infectious disease, v. 2, n. 4, p. 259-269, 1996 <10.3201/eid0204.960402>.

FASSIN, D. That obscure object of global health. In: M. C. Inhorn; E. A. Wentzell (orgs.). Medical anthropology at the intersections. London: Duke University Press, 2012. p. 95-115.

FIDLER, D. P. Globalization, international law, and emerging infectious diseases. Emerging infectious disease, v. 2, n. 2, p. 77- 84, 1996 <10.3201/eid0202.960201>.

FIDLER, D. P. Sars, Governance and globalization of disease. New York: Palgrave Macmillan, 2004.

FRENK, J.; MOON, S. Global health: Governance challenges in global health. The New England Journal of Medicine, v. 368, n. 10, p. 936-942, 2013 <10.1056/ NEJMra1109339>.

FRIED, L. P.; BENTLEY, M. E.; BUEKENS, P.; BURKE, D. S.; FRENK, J. J.; KLAG, M.J.; SPENCER, H. Global health is public health. Lancet, v. 375, n. 9714, p. 535-537, 2010 <10.1016/S0140-6736(10)60203-6>.

GARRET, L. The return of infectious disease. Foreign Affairs, v. 75, n. 1, p. 66-79, 1996.

GIRE, S. K.; STREMLAU, M.; ANDERSEN, K. G.; SCHAFFNER, S. F.; BJORNSON, Z.; RUBINS, K.; HENSLEY, L.; McCORMICK, J. B. LANDER, E. S.; GARRY, R. F.; HAPPI, C.; SABETI, P. C. Emerging disease or diagnosis? Science, v. 338, n. 6108, p. 750-752, 2012 <10.1126/science.1225893>.

GRISOTTI, M. Saúde e meio ambiente: a construção médica e popular de uma doença infecciosa emergente. São Paulo, 2003. Tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

GRISOTTI, M. Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, supl. 1, p. 1095- 1104, 2010 <10.1590/S1413-81232010000700017>.

GRISOTTI, M.; AVILA-PIRES, F. D. The concept of emerging infectious disease revisited. In: Ananya Mukherjea (ed.). Understanding emerging epidemics: social and political approaches. Advances in medical sociology. v. 11. Londres: Emerald, 2010. p. 61-75 <10.1108/S1057- 290(2010)0000011008>.

GRMEK, M. D. Le concept de maladie émergente. History and Philosophy of the Life Sciences, v. 15, p. 282-296, 1993.

GRMEK, M. D. Declin et émergence des maladies. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 2, n. 2, p. 9-32, 1995 <10.1590/S0104-59701995000300002>.

HOTEZ, P. J.; MOLYNEUX, D. H.; FENWICK, A.; JACOB KUMARESAN, M. B.; SACHS, S. E.; SACHS, J. D.; SAVIOLI, L. Currect concepts: control of neglected tropical diseases. The New England Journal of Medicine, v. 357, n. 10, p. 1018-1027, 2007 <10.1056/NEJMra064142>.

INHORN M. C.; BROWN P. J. Introduction. In: M. C. Inhorn; P. Brown (orgs.). The anthropology of infectious disease: International health perspectives. New York: Routledge, 2004. p. 3-29.

KING, N., B. The scale politics of emerging diseases. Osiris, The University Chicago Press, v. 19, p. 62-76, 2004 <http://www.jstor.org/stable/3655232>.

KOHL, K. S.; ARTHUR, R. R.; O’CONNOR, R.; FERNANDEZ, J. Assessment of public health events through international health regulations, United States, 2007- 2011. Emerging infectious Disease, v. 18, n. 7, p. 1047-1053, 2012.

KONÉ, B.; DOUMBIA, M.; SY, I.; DONGO, K.; AGBO- OUENOU, Y.; HOUENOU, P. V.; FAYOMI, B.; BONFOH, B.; TANNER, M.; CISSÉ, G. Étude des diarrhées en milieu périurbain à Abidjan par l’approche écosanté. Vertigo – la revue électronique en sciences de l’environnement [Online], hors-série 19, août 2014 <10.4000/ vertigo.14976>.

KOPLAN, J. P.; BOND, T. C.; MERSON, M. H.; REDDY, K. S.; RODRIGUEZ, M. H.; SEWANKAMBO, N. K.; WASSERHEIT, J. N. Towards a common definition of global health. Lancet, v. 373, n. 9679, p. 1993-1995, 2009 <10.1016/S0140- 6736(09)60332-9>.

KUHN, T. The structure of scientific revolutions. 2. ed. Chicago: University of Chicago Press, 1970.

LATOUR, B.; WOOLGAR, S. Laboratory life: the social construction of scientific facts. Los Angeles: Sage, 1979.

LEDERBERG, J.; SHOPE, R. E.; OAKS, S. Emerging infectious: microbial threats to health in the United States. Washington: National Academy Press, 1992.

MCINNES C.; LEE, K. Global health and international relations. Cambridge: Polity Press, 2012.

MEDITSCH, R. G. M. O Médico veterinário, as zoonoses e a Saúde Pública: um estudo com profissionais e clientes de clínicas de pequenos animais em Florianópolis, SC, Brasil. Florianópolis, 2006. Dissertação de mestrado, Programa de pós-graduação em Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina.

MORSE, S. S. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerging Infectious Diseases, v. 1, n. 1, p. 7-15, 1995 <10.3201/eid0101.950102>.

OCHMAN, H. LAWRENCE, J. G.; GROISMAN, E. A. Lateral gene transfer and the nature of bacterial innovation. Nature, v. 405, p. 299-304, 2000 <10.1038/35012500>.

OPAS/OMS. Relatório do Programa de saúde pública veterinária sobre o cumprimento das orientações estratégicas e programáticas da repartição sanitária panamericana, 1999-2002. Washington, DC, 2003.

PALMER, S. Gênese da saúde global: a Fundação Rockfeller no Caribe e na América Latina. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015.

PIOT, P. No time to lose: a life in pursuit of deadly viruses. New York-London: W.W. Norton & Company, 2012.

ROSEN, G. Uma história da saúde pública. 2. ed. São Paulo: Hucitec, Editora da Unesp, Abrasco, 1994.

SASSEN, S. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SANTOS, C. A. O Brasil e o mercado internacional de carne bovina no contexto de doenças infecciosas emergentes: uma análise sociopolítica dos programas de sanidade animal e de normativas de segurança. Florianópolis, 2013. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em Sociologia Política, Universidade Federal de Santa Catarina.

WALLERSTEIN, I. Capitalist agriculture and the origins of the European worldeconomy in the sixteenth century. The modern world-system I. New York: Academic Press, 1974.

WEIR, L. A genealogy of global health security. International Political Sociology, v. 6, n. 3, p. 322-325, 2012 <10.1111/j.1749-5687.2012.00166_4.x>.

Publicado

2016-11-28

Cómo citar

Grisotti, M. (2016). Governança em saúde global no contexto das doenças infecciosas emergentes. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 16(3), 377–398. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.3.23418

Número

Sección

Estado e sociedade em tempos de transnacionalismo