“Conhecimento não se vende”
A colonialidade e o embate de perspectivas sobre os conhecimentos tradicionais
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.36119Palavras-chave:
Conhecimentos tradicionais, Colonialidade do saber, do poder e do ser, Cosmopolítica, Recursos genéticosResumo
A colonialidade do poder, do saber e do ser se perpetua no imaginário moderno através do avanço da mercantilização massiva sobre as plantas, a terra, a água, o conhecimento. Esse processo, que se inicia no século 15, com a constituição da América, avança desde então sobre os territórios e os conhecimentos dos povos que foram colonizados. Nesse sentido, analiso um acontecimento que ocorreu no ano de 2014, no Encontro da Região Sul de Povos e Comunidades Tradicionais, em Curitiba/Paraná, no qual se estabeleceu um embate cosmopolítico sobre um projeto de transformação dos saberes tradicionais em patentes. Essa proposta envolveu, por um lado, agentes do estado, do mercado e da ciência, que almejavam convertê-los em fonte de lucro, e, por outro, os povos e comunidades tradicionais para quem esses conhecimentos são coletivos e circulam entre si, compondo seus modos de existência.
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