“Conhecimento não se vende”

A colonialidade e o embate de perspectivas sobre os conhecimentos tradicionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.36119

Palavras-chave:

Conhecimentos tradicionais, Colonialidade do saber, do poder e do ser, Cosmopolítica, Recursos genéticos

Resumo

A colonialidade do poder, do saber e do ser se perpetua no imaginário moderno através do avanço da mercantilização massiva sobre as plantas, a terra, a água, o conhecimento. Esse processo, que se inicia no século 15, com a constituição da América, avança desde então sobre os territórios e os conhecimentos dos povos que foram colonizados. Nesse sentido, analiso um acontecimento que ocorreu no ano de 2014, no Encontro da Região Sul de Povos e Comunidades Tradicionais, em Curitiba/Paraná, no qual se estabeleceu um embate cosmopolítico sobre um projeto de transformação dos saberes tradicionais em patentes. Essa proposta envolveu, por um lado, agentes do estado, do mercado e da ciência, que almejavam convertê-los em fonte de lucro, e, por outro, os povos e comunidades tradicionais para quem esses conhecimentos são coletivos e circulam entre si, compondo seus modos de existência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Josiane Carine Wedig, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFP), Pato Branco, PR, Brasil.

Doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; professora do Departamento de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Pato Branco, PR, Brasil.

 

Referências

Almeida, Alfredo Wagner Berno de. 2004. Amazônia: a dimensão política dos conhecimentos tradicionais como fator essencial de transição econômica: pontos resumidos para uma discussão. Somanlu 4 (1): 9-28. https://doi.org/10.17563/somanlu.v4i1.208.

Almeida, Alfredo Wagner Berno de. 2012. Territórios e territorialidades específicas na Amazônia: entre a “proteção” e o “protecionismo”. Caderno CRH 25 (64): 63-71. https://doi.org/10.1590/S0103-49792012000100005.

Almeida, Mauro William Barbosa de. 2015. As ciências sociais e seu compromisso com a verdade e com a justiça. Mediações, 20 (1): 260-284. https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n1p260.

Blaser, Mario. 2009. La ontologia política de um programa de caza sustentable. Red de Antropologías del Mundo. E-journal 4: 81-107. http://ram-wan.net/old/documents/05_e_Journal/journal-4/jwan4.pdf.

Brasil. 2015. Decreto lei nº 13.123. 20 maio 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm.

Cunha, Manuela Carneiro da. 1999. Populações tradicionais e a Convenção da diversidade biológica. Estudos Avançados, 13 (36): 147-163. https://doi.org/10.1590/S0103-40141999000200008.

Curiel, Occhy. 2009. Descolonizando el feminismo: una perspectiva desde America Latina y el Caribe. In Primer Coloquio Latinoamericano sobre praxis y pensamiento feminista, Buenos Aires.

Deleuze, Gilles e Félix Guattari. 1997. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34.

Dussel, Enrique. 2005. Europa, modernidade e eurocentrismo. In A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, organizado por Edgardo Lander, 24-33. Buenos Aires: Editora Clacso.

Eloy, Christinne Costa, Danielle Machado Vieira, Camila Marques de Lucena, Maristela Oliveria de Andrade. 2014. Apropriação e proteção dos conhecimentos tradicionais no Brasil: a conservação da biodiversidade e os direitos das populações tradicionais. Gaia Scientia 8 (2): 189-198. https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/gaia/article/view/22587.

Escobar, Arturo. 2005. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, organizado por Edgardo Lander, 69-86. Buenos Aires: Editora Clacso.

Escobar, Arturo e Maurício Pardo. 2005. Movimentos sociais e biodiversidade no Pacífico Colombiano. In Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos caminhos rivais, organizado por Boaventura de Sousa Santos, 289-317. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.

Foucault, Michel. 1999. Em defesa da Sociedade: Curso do Colège de France 1975-1976. São Paulo: Editora Martins Fontes.

Grosfoguel, Ramón. 2016. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado 31 (1): 25-49. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100003.

Latour, Bruno. 1994. Jamais fomos modernos: ensaios de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34.

Little, Paul Elliott. 2002. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Anuário Antropológico 28(1): 251-290. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6871.

Mies, Maria e Vandana Shiva. 1993. Ecofeminismo. Lisboa: Editora Instituto Piaget.

Quijano, Anibal. 2005. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, organizado por Edgardo Lander, 107-126. Buenos Aires: Editora Clacso.

Shiva, Vandana. 2003. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Editora Gaia.

Stengers, Isabelle. 2015. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo: Editora Cosac & Nayfy.

Stengers, Isabelle. 2017. Reativar o animismo. Belo Horizonte: Chão de Feira.

Stengers, Isabelle. 2018. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 69: 442-464. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p442-464.

Wallerstein, Immanuel. 2001. Capitalismo histórico e civilização capitalista. Rio de Janeiro: Editora Contraponto.

Walsh, Catherine. 2015. Saberes acestrales y economía del conocimiento. Seminario internacional. Capitalismo cognitivo y economía social del conocimiento. Centro Internacional de Estudios de Comunicación para America Latina. Acessado em 8 maio 2015. https://www.youtube.com/watch?v=uiFpnug8h7M&t=1714s.

Wedig, Josiane Carine. 2015. Rede Puxirão de povos e comunidades tradicionais do Paraná: luta pelo território e pela diferença. Tese em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil.

Wedig, Josiane Carine. 2020. Acontecimentos e memórias da Rede Puxirão de povos e comunidades tradicionais do Paraná. Anuário Antropológico 45 (1): 213-231. https://doi.org/10.4000/aa.4968.

Wedig, Josiane Carine e João Daniel Dorneles Ramos. 2020. A colonialidade nas práticas de saúde e as resistências de benzeiras e mães de santo. Revista Mediações 25 (2): 488-503. http://dx.doi.org/10.5433/2176-6665.2020v25n2p488.

Downloads

Publicado

2021-08-24

Como Citar

Wedig, J. C. (2021). “Conhecimento não se vende” : A colonialidade e o embate de perspectivas sobre os conhecimentos tradicionais. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 21(2), 334–343. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.36119