A Amazônia e a “utopia autoritária”
Integração, ocupação e exploração ontem e hoje
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2022.1.42458Palavras-chave:
Amazônia, ditadura, utopia autoritária, ocupaçãoResumo
No processo histórico da colonização portuguesa no Brasil e da construção imagética da Amazônia, a região foi objeto de um conjunto de representações que a colocava tanto na condição de um obstáculo ao progresso, região incivilizada e de uma natureza insubmissa, quanto como uma fronteira a ser alcançada a fim de integrar aquelas vastas e ricas terras ao desenvolvimento nacional. Seria, portanto, um imenso “vazio” demográfico e civilizatório que precisava ser incorporado à Nação, pela ação do Estado e de agentes privados – apoiados por sua ação. A Amazônia sempre marcou forte presença no imaginário nacional e nos projetos de poder que eram alçados à esfera nacional. Atualmente, com a escalada das áreas devastadas na região durante o governo Bolsonaro e todas as investidas que promoveram um desmonte sobre os órgãos de fiscalização, a ação de madeireiros e garimpeiros ilegais foi facilitada e as queimadas atingiram índices que alarmaram a comunidade internacional. Este artigo tem o objetivo de analisar algumas iniciativas de utilização das riquezas da região e de colonização do vale amazônico, destacando a relação entre as investidas sobre a exploração na Amazônia e a emergência de governos autoritários. Para tanto, utilizamos de discursos de agentes envolvidos no processo em diálogo com a bibliografia pertinente ao tema a fim de problematizar o processo de ocupação predatória da Amazônia.
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