Por uma existência ética
contos de encantamento
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45698Palavras-chave:
Encantamento, Hibridização, Antropoceno, Mundo Não-Humano.Resumo
Este estudo investiga o tema dos cruzamentos na literatura, seja ultrapassando fronteiras ou limitações, ou cruzamentos que possibilitam hibridizações. A ideia de cruzamento está relacionada ao seu potencial ético em nosso tempo geo-histórico, o Antropoceno, um período que pede uma reavaliação dos fundamentos éticos. Para alcançar isso, obras literárias conhecidas como Os Lusíadas de Luís de Camões, Paraíso Perdido de John Milton e Oryx and Crake de Margaret Atwood são examinadas. A análise é baseada no conceito de encantamento de Jane Bennett. Além disso, autores que aderem à perspectiva da Ontologia Orientada a Objetos (OOO), como Graham Harman e Timothy Morton, serão incorporados à discussão. O principal objetivo deste artigo é investigar o papel que a literatura e a arte (em geral) desempenham em um momento em que os fundamentos racionais da ética estão sendo questionados. O Antropoceno é aqui compreendido como uma nova época geológica que exige uma revisão de certos conceitos e dicotomias que moldam a modernidade. Assim, há o reconhecimento da necessidade de reconsiderar os fundamentos éticos diante da ruptura provocada pelo Antropoceno. Este artigo oferece uma análise da complexa interação entre literatura, ética e o Antropoceno, enfatizando o encantamento como uma ferramenta conceitual para desvendar as dimensões éticas apresentadas pelas obras literárias selecionadas. Além disso, as obras de Camões, Milton e Atwood expõem algumas das implicações da dicotomia encantamento/desencantamento que caracteriza a modernidade. O estudo, portanto, visa contribuir para discussões sobre como a literatura e a arte podem ajudar a cultivar afetos que auxiliam navegar os desafios éticos contemporâneos em um mundo marcado por transformações climáticas significativas.
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