Monsieur Pain, de Roberto Bolaño
entre as agonias da História e os labirintos da ficção
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.44468Palavras-chave:
Monsieur Pain, Roberto Bolaño, Subjetividade, História, Enfermidade.Resumo
Este artigo aborda o romance Monsieur Pain, de Roberto Bolaño, analisando a combinação que nele é feita de elementos relativos à experiência real e histórica com os da dimensão ficcional e subjetiva. Na obra em questão, o narrador-protagonista, de nome Pierre Pain, conta a história de sua ligação com o caso médico de um homem latino-americano chamado “Vallejo”, cuja doença é desconhecida pelos médicos. Terapeuta mesmerista, Pain é chamado para colaborar no tratamento do enfermo, mas acaba ingressando em uma trama permeada de ameaças e mistérios, a qual envolve perseguições políticas relacionadas ao fascismo espanhol, traumas da Primeira Grande Guerra e prenúncios da Segunda, além de interlocuções entre práticas ocultistas e pesquisa científica. Como é comum em sua escrita, Bolaño explora, nesse romance, dimensões imaginárias e subjetivas da história, fazendo o real se erigir mais da repercussão dos eventos junto ao inconsciente do narrador-protagonista que dos fatos em si. Desse modo, o escritor chileno não simplesmente documenta e reconta a história, expondo-a tal como teria sido, como também não meramente a ficcionaliza, forjando uma outra realidade descolada da factual e vivida. Sua escrita, antes, penetrava nos labirintos da subjetividade, enquanto atravessados pelos da história e pelos do desconhecido, recolhendo os vestígios do vivido e lhes dando uma dimensão espectral. Com isso, ele revela o pathos incompreensível e incurável da experiência histórica. Articulando referências teóricas e críticas situadas entre a literatura e a psicanálise, este estudo procura examinar como, na narrativa de Bolaño, o real e o ficcional se interpenetram, primeiro na mente atormentada do protagonista e, depois, em sua narração, assim expondo os dilaceramentos subjetivos que marcam a experiência com a história.
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Referências
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