A Adaptação Intercultural como Experimento Antropológico
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.46328Palavras-chave:
Adaptação Intercultural, Antropologia Interpretativa, IntertextualidadeResumo
As adaptações interculturais focam nas mudanças culturais necessárias no processo de adaptação, no qual um texto é adaptado para um filme ou para qualquer outra mídia, ou, até, para a mesma, recriando a narrativa. Pesquisadores dos Estudos de Adaptação afirmam que “adaptação” é a combinação de familiaridade e novidade (Hutcheon, 2006); assim, neste artigo, argumentamos que a análise de uma adaptação intercultural poderia se beneficiar da perspectiva da Antropologia Interpretativa, pensando no adaptador como um antropólogo que precisa observar a alteridade em um texto e torná-la familiar para o seu público. Adotamos como apoio à nossa tese autores dos Estudos de Adaptação, como Hutcheon (2006), Antropologia Interpretativa, como Geertz (1973), e Estudos Culturais, como Eagleton (2000). Para demonstrar nossa proposição, fornecemos um estudo de caso ilustrativo de Julieta (2016), filme de Almodóvar que é uma adaptação de três contos de Munro do livro Runaway (2005), também conhecidos como “Tríptico Julieta”. Usamos a metodologia proposta por Silva (2012) para a análise, mas incorporamos a perspectiva da antropologia interpretativa e acrescentamos um novo elemento de análise, que chamamos de cruzamentos temáticos. Dessa forma, acreditamos que os estudos de adaptações poderiam evitar o julgamento de valor e as comparações de fidelidade, porque a cultura é entendida como a principal motivação no processo de adaptação, mantendo um diálogo entre o texto de origem e a adaptação, mas também com todos os textos intertextuais dentro da fabricação de significado cultural. Assim, damos sentido às nossas vidas e realidade através dos símbolos estéticos da arte, criando identidade individual e coletiva como humanidade ao observar o outro e a nós mesmos no experimento antropológico que consideramos ser a adaptação intercultural.
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